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Energia a Mais

A Hiperactividade vista à lupa

Energia a Mais

A Hiperactividade vista à lupa

28.Set.12

conceito de trabalho em linha

 

 

não, não estou a falar do meu «não» emprego na escola, que aliás vai correndo bem, graças a uma camaradagem com as minhas «não» colegas, pessoas simpáticas, eficientes e que me fazem sentir integrada 

 

Falo do trabalho em linha que tem de existir para dar conta do «recado» em casa. Ora vejam....

 

agora que as crianças começam a entrar no ritmo certo, tudo parece correr melhor! pois...só que essas crianças não são as minhas...por cá continuam a fazer birras, a quererem brincadeiras até altas horas, a manter pouca roupa no corpo e muita genica matinal...aqui continuamos a estabelecer um pacto com o verão e a fazer da banheira piscina, das almofadas dos sofás escorregas e das bolas, aliadas que servem para combates de irmãos! somos obrigados a ter uma linha de trabalho contínua para que a casa funcione...{#emotions_dlg.sarcastic}

 

os meus pais asseguram grande parte dessa linha - o meu pai leva os miúdos à escola, primeiro o Rafa e depois já comigo, o Quico. No início da manhã o esforço para os levar até ao carro continua a ser enorme, tal como no ano anterior. O Quico tem alternado dias em que sai alegremente de casa com o peito inchado por fazer parte dos crescidos, com dias em que se agarra a mim e chora desalmadamente ou corre em sentido contrário ao da sala de aula...O Rafa, continua a ser um bebé grande com fitas em que entram dores de barriga assustadoramente providenciais, birras por causa da roupa e muita resistência a sair de casa. Entretanto a linha não pode parar. Como não posso almoçar em casa, o meu pai assegura que exista sempre almoço fresco para a bisa e eventualmente para o mais pequeno. Além disso, terças e quartas o Rafa não almoça na cantina da escola pois não tem aulas de tarde.

Depois das 15h a minha mãe contribui para a linha, fazendo os lanches e ajudando na logística da casa, com roupas e louça para que não se acumulem . Asseguram assim que o Quico não tenha necessidade de estar muitas horas na escola (só o inscrevi em duas AECs) e que o Rafa possa passar as duas tardes em casa.

Depois das 18h já chego eu e a produção em linha é reforçada - sigo para as compras, os meus pais preparam-se para irem embora, coloco a janta a fazer, começo a dar banhos (a primeira é a bisa, segue-se o mais novo e depois supervisionar o mais velho - assim, tudo em linha, única forma possível de conseguir manter o ritmo) assim que tiro o mais novo da banheira, ultimo o jantar, depois é verificar que todos se sentam a comer, coisa rara por cá, correr atrás de um ou de outro para que terminem o jantar, começar a arrumar, aproveitando a «embalagem». Deixar todas as divisões da casa operacionais pode demorar umas duas horas e para que a linha não fique «congestionada» vou impondo ordem para que façam os TPC (aventura digna do relato de um post). 

Depois de mais umas quantas tentativas deles para se manterem activos, o final da linha consiste em - comer cereis, beberem água, lavarem os dentes e deitarem....claro que isto na prática não segue uma linha assim tão exata {#emotions_dlg.lol}

Logo que caem na cama, arreliam-se um ao outro, eu imponho silêncio....muitas vezes, até resultar. Depois de estarem realmente a dormir a linha abranda, apanho os últimos brinquedos, deixo as roupas para o dia seguinte, preparo as lancheiras, venho matar o vício do blogue e siga....

 

....para linha!

 

24.Set.12

Mudança de estatuto

 

 

pois é! mudei de estatuto - não de estado lol!

 

passei de desempregada para «inserida» através dum programa de emprego-inserção do IEFP. O que realmente muda na minha condição? bem, muda o estatuto - agora sou «ocupada»....desempregada!

 

primeiro ponto a reter e ao qual a técnica do IEFP deu um grande relevo - continuo desempregada, ok? este programa permite apenas que instituições públias ou privadas sem fins lucrativos, insiram pessoas que estejam a receber subsídio de desemprego (condição única) para realizarem tarefas de apoio nessas instituições, durante um período máximo de 12 meses

 

segundo ponto a reter - continuamos a receber o subsídio de desemprego porque continuamos desempregados {#emotions_dlg.lol} e uma vez que vamos desempenhar tarefas (que não são trabalho) temos um valor a receber de 20% do IAS (cerca de 83,00€) e um subsídio de alimentação diário de cerca de 4,00€

 

mantemos ainda todas as obrigações a que estamos sujeitos pelo IEFP, nomeadamente a procura activa de emprego e a ter de aceitar eventuais ofertas, mesmo que isso implique sair repentinamente do sítio para onde nos haviam enviado antes

 

também temos duas certezas - terminado o período de «contrato de inserção», não existe qualquer vínculo (nem podemos contar com esse período para eventuais vagas a concurso) e nunca poderemos voltar a inserir a mesma instituição, mesmo que estejamos ainda na condição de subsidiados

 

...e também não temos como recusar uma inserção, caso sejamos selecionados, uma vez que a recusa implica de imediato a perda do subsídio de desemprego (falte o que faltar para o seu término)

 

Ora então, depois de uma rápida seleção, estou agora a realizar «trabalho socialmente útil» numa escola, na área administrativa (ou seja secretaria) dando apoio a tarefas que em nada diferem das que são desempenhadas pelas funcionárias que lá estão colocadas. O horário de trabalho também é completo, pelo que na verdade, embora estando desempregada, tenho agora de estar no meu posto às 9h30 e chego a casa perto das 18h00. Portanto, os meus pais estão novamente na condição de «pronto-socorro» para assegurarem as idas e vindas dos miúdos, ou alguns almoços em casa dos pequenos. Curioso ou irónico, sei lá - é que isto começou mesmo na altura em que eu julgava poder respirar um pouco, depois do alucinante mês de agosto, com a entrada deles na escola....

 

entretanto, como sou uma pessoa que tem assim uns pensamentos, digamos, a atirar para o crítico, pergunto: esta medida de emprego-inserção (para além de obviamente beneficiar as instituições que a ela recorrem - ficam com funcionários a preço da chuva) em que é que vai beneficiar o IEFP ou a segurança social? então se continuam a ter de pagar os subsídios e continuam a ter desempregados, como é que a medida pode ser benéfica? isto para não falar que na prática, alguém que esteja nestas condições terá mais dificuldades em continuar a procurar emprego, pois tem o seu tempo limitado e andará certamente mais ocupado...pelo menos eu ando!

 

bem, de tudo o que acontece por cá, uma coisa é certa, há sempre um ponto de certa ironia - e desta vez o Rafa levou por tabela! ora onde fui eu inserida? na escola dele {#emotions_dlg.lol} nem mais!

 

 

«fogo mãe! vais ficar na minha escola? na secretaria? opá! não é justo! jura que não vais andar atrás de mim!»

 

 

 

 

20.Set.12

As reações

 

 

deles à escola (em frases)

 

do Quico «a escola é uma seca...» «não quero estar só a fazer desenhos, desenhos...que seca!» «amanhã tenho escola? opá...não vou!» e na sala «professora quando vamos embora?» «isto parece um labirinto» «quero brincar com o V.» «posso ir embora?»

 

do Rafa «opá que seca! detesto a escola» «quero lá saber das faltas, não quero TPC» «quero lá saber do horário» «quero lá saber do material»

 

da escola a eles

 

do Quico - diz a professora que é muito agitado, gosta de brincar e falar com os amigos, não fica sentado muito tempo e tem tendência para se enfiar debaixo das mesas - a professora é muito querida, mesmo! diz que tem de o conhecer aos poucos e sem forçar, que ele é imaturo mas muito vivo e acha que depois de ele apreender as regras tudo será mais fácil. A ver vamos, por agora na opinião dela, não deveria ter o Quico muito tempo na escola...diz que no horário das AEC,s já ele está super agitado, perturba os outros meninos e passa o tempo a querer sair da sala. Optei por inscrevê-lo apenas no inglês e na educação física porque são duas atividades que gosta e que estão intercaladas com a componente letiva em dois tempos ao final da manhã

 

do Rafa - dois recados na caderneta para dar o mote...distraído e muito falador, acredito que tal como no ano anterior tenha de fazer ajustes na dose da medicação. Este ano tem duas tardes livres e portanto vai ser difícil afastá-lo da sua última obsessão - um novo jogo de PC que desde as férias tem sido motivo para birras descomunais e tensão constante em casa. Vou ter ainda de falar com a nova DT. 

 

E por agora são as novidades possíveis, numa fase em que se torna muito complicado ter tempo para blogar...

 

17.Set.12

e depois da manif

 

à qual se juntou com grande entusiasmo, gritando a palavra que mais lhe ficou no ouvido «gatunos»

 

diz hoje o Quico ao ver as imagens na TV

 

«então mãe, conseguimos? o Jesus já mandou o Passos para o Inferno?» {#emotions_dlg.lol} disse-lhe eu «não meu filho mas está quase!» {#emotions_dlg.evil}

 

 

 

(este post faz mais sentido após a leitura deste outro http://energia-a-mais.blogs.sapo.pt/204756.html)

 

 

13.Set.12

ai a escola!

marca-se para hoje o reinício das atividades escolares dos meus rapazes

 

O Quico vai para o primeiro ano do primeiro ciclo - medo!

 

O Rafa vai para o sexto ano, exames nacionais - medo!

 

Para mim será o reinicio da luta a que estou habituada em cada ano lectivo - burocracia inicial, o ter de repetir a história no caso do Rafa, certificar-me que o processo dele tem o historial todo, até porque com novo DT, estou mesmo a ver o que me espera. No caso do Quico, como frequenta o mesmo estabelecimento onde fez o pré-escolar, vou falar primeiro com a diretora de escola, uma vez que este ano temos de iniciar o despiste para a PHDA, a conselho do neuropediatra do Rafa.

 

bem, quanto aos dois, não podiam estar mais histéricos - o Rafa fez duas grandes crises durante o dia de ontem, passou duas horas a berrar histericamente, aos saltos pela casa, batendo com a mão na própria cara (coisa que faz em caso de nervoso extremo) e aperreando o irmão de todas as formas possíveis, incluindo a agressão. Depois teve à noite uma enorme crise de ansiedade que acabou com uma enorme crise de choro. Mediquei-o mais cedo para ver se descansava mais e de facto, adormeceu uma hora antes do costume.

O Quico andou todo o dia frenético com o comportamento do irmão e obviamente isso reflectiu-se na sua agitação excessiva. O avô ainda o levou até à rua para extravasar com a bola a energia que o alimenta, mesmo assim depois de muitos chutos e corridas, quando chegou a casa ainda fez cenas destas

 

 

durante mais de uma hora personificou um ninja e fez questão de utilizar vários adereços, um dos quais acabou por partir a lâmpada do tecto do meu quarto, base utilizada pelo ninja para «matar os maus» que entretanto se esconderam na casa de banho...escusado dizer como ficou essa divisão depois de ali se ter travado uma luta que incluiu pistolas de água e muita água para fora da banheira!

 

Quanto aos preparativos para o grande dia, este ano o Rafa simplesmente ignorou as novidades, tão obcecado andou (ainda anda) com o seu único interesse actual - um jogo de PC que utiliza uma sofisticada técnica de utilização. Ao contrário dos anos anteriores não se manifestou grandemente na hora da compra dos materiais e nem se dignou a olhar para qualquer tipo de revisão da matéria, por muito insistente que eu tenha sido...

O Quico mostra o entusiasmo de ser o primeiro ano, misturado com algum sentimento de indiferença que foi copiar do mano. Mas acredito que esteja nervoso pois fez várias perguntas sobre como iria ser a professora, se os amigos estariam lá, se vai ter de fazer «trabalhos» - o típico de qualquer criança, acho eu!

 

e pronto, dado que o mês de agosto foi alucinante (do que tentarei ainda relatar num post em breve) não houve tempo para descansos e este voltar à engrenagem pode parecer mais do que um arranque, uma ligação directa! vamos ver é se tenho pedalada!

 

Bom início de escola para todos os bloggers e filhotes {#emotions_dlg.blink}

 

 

09.Set.12

Resposta ao Pedro

 

(o tal que é amigo, sabem qual é?)

 

pois eu gostava de te dizer Pedro, permites que te trate assim, afinal eu também sou uma cidadã, mãe e preocupada com o futuro dos filhos - que por vezes as histórias não acabam com um happy end. No nosso país que tu tão habilmente conduzes ao abismo, nasceram e viveram gloriosos personagens. Foram reis conquistadores, bravos homens de mar e terra, construíram riquezas, deram mundo ao Mundo! Abraçaram lutas  e dignificaram o nome de Portugal.

Tivemos momentos em que alguns se tentaram apoderar da alma da gente - mas rápidamente as Gentes se uniram e deram novo fôlego à História. Porque, sabes Pedro, estas gentes podem parecer lamechas, piegas e até histéricas mas sabem como nenhum outro povo, enfrentar as adversidades e dar a volta por cima!

Eu, cidadã deste país, mãe de dois que estão agora no início das suas vidas, sei que tu até te podes dar ao luxo de falar em «adversidades», pois nunca tiveste nenhuma para ultrapassar, podes falar em «sacrifícios», pois que nunca terás de os fazer, podes falar de desemprego, até porque nunca tiveste de procurar trabalho, mas nunca saberás o que é dar a volta por cima - não serás tu a escrever o capítulo final. Esse, está reservado aos Heróis deste país, aqueles que como o pai dos meus filhos, enfrenta a adversidade do desemprego e faz o sacrifício de se separar da família para minorar os efeitos desta afronta que tu lideras, como chefe de governo.

Será escrito por quem tem de mandar os filhos estudar numa escola pública que tu teimas em destruir, onde leccionam professores que tu humilhas diariamente ao retirar dignidade a uma das mais belas profissões que existe. Será escrito por quem tem de recorrer a um serviço nacional de saúde, que de tão «doente» que está não pode socorrer ninguém e não será o alívio necessário dos que mais dele precisam. Será escrito por quem tem de passar horas à frente da porta de um IEFP para que lhe seja dada uma «migalha» chamada subsídio de desemprego. Será escrito por todos os que perdem um salário do seu trabalho (já tão miseravelmente pago que não chega aos 500€) e que ainda vão ter de pagar para trabalhar. Será escrito pelos que deram anos da sua vida e do seu trabalho e que agora em idade de reforma, se vêem cada vez com menos, quando seria de esperar que tivessem assegurado já o seu direito à velhice tranquila...

Os meus filhos e os dos outros não podem esperar um fim como o que tu estás a impor. E nós não queremos que sejas tu a decidir, porque sabes, Pedro, tu afinal nem isso sabes fazer...Continuas a sacudir a água do capote e a empurrar para os outros (governo anterior e troika) a culpa das «coisas más que tu não gostarias de dizer aos portugueses» - como se fosses apenas o mensageiro e não o que escolheu o caminho, como se não houvesse alternativa. Só que nesta história, existem outros fins possíveis - como nas histórias interactivas, onde podemos ser nós a decidir o final. E eu por exemplo, posso dizer-te um que terá por certo muitos apoiantes - vais ser banido da história, Pedro. E já agora não precisas de agradecer, tá?

 

Teresa