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Energia a Mais

A Hiperactividade vista à lupa

Energia a Mais

A Hiperactividade vista à lupa

29.Out.12

Quando é na nossa pele

 

 

a coisa muda logo de figura...ou por outras palavras, só quando nos toca percebemos o que realmente pensamos

 

 

Aqui na zona muita gente que me conhece sabe, naturalmente da minha (não) situação profissional. Muitos sabem que estou a receber subsídio de desemprego pois estive a trabalhar num local público e portanto muita gente notou o meu desemprego. Obviamente muitos, cedendo ao típico e predileto passatempo nacional de falarem da vida dos outros, ja teceram um ou mais comentários...

Isso nem sequer me aborrece. A minha vida a mim e aos meus, diz respeito, os que estão de fora podem alvitrar o que quiserem e bem entenderem. Mas claro que quando falam diretamente comigo sobre o assunto não me coibo de mostrar o que penso sobre a actual situação de trabalhadora/inserida - desempregada, sem direitos mas com todos os deveres a que me obriga o IEFP para me dar aquilo que por direito tenho a receber - o tal subsídio, ao qual para ter acesso, bastaria em princípio cumprir os requisitos de ter trabalhado e feito os respectivos descontos. 

 

Pois que para muitos, estou a ser mal agradecida. Deveria dar-me por contente por ter sido «inserida». Ao que parece, a maioria concorda que «inserir» sem remuneração uma pessoa só porque ela tem direito ao subsídio de desemprego, é uma ideia maravilhosa do governo para evitar «chulices» dos desempregados ao estado. Já o facto de o estado ter de continuar a pagar o subsídio, mantendo a pessoa desempregada, quando afinal até havia emprego numa instituição, continua a ser um assunto que não interessa aprofundar. Porque na cabecinha da maioria o que é bom é que assim os desempregados não estão em casa, sem fazer nada, a receber o subsídio. Claro que o tipo de trabalho que o mandem fazer, também não interessa a ninguém. Se está ou não preparado, se tem ou não conhecimentos, se deixa de dispor do seu tempo (inclusive para procurar trabalho, pois que a isso está obrigado), se o que lhe dão é uma inserção a termo certo, sem possibilidade de integração no futuro, isso não são motivos de interesse para as tais cabecinhas.

 

Acontece que uma dessas «cabecinhas» que via muitas vantagens nos tais programas do IEFP ficou desempregada. Após anos a trabalhar como administrativa, a cabecinha foi agora «inserida» numa escola. A cabecinha anda agora a limpar vidros e chão, casas de banho e tudo o que faz parte do serviço de uma assistente operacional. Mesmo continuando desempregada, tem de fazer o mesmo que as funcionárias pagas, no horário que foi estipulado, por acaso dificultando a recolha do filho que tem numa outra escola e para o qual tem agora de se socorrer de um ATL (como administrativa trabalhava das 09h00 às 17h30, agora está até às 18h30)

De repente, numa conversa que tivemos num encontro casual no supermercado, percebi que a cabecinha está agora revoltada. Afinal já não vê utilidade alguma nos programas de inserção. E não consegue andar motivada sabendo que nem emprego tem, apesar de estar «obrigada a trabalhar» para não perder o mísero subsídio de 419,22 aos quais ainda terá de descontar os 6% para um dia poder ter reforma {#emotions_dlg.lol} do tempo em que está sem trabalho...estes gajos do governo são uns peritos em ironia!

 

depois da conversa, ainda vim a matutar na tal ideia «engraçado, como tudo muda de figura quando a coisa é pessoal» mas sinceramente, espero que ela consiga ganhar alento, até porque estou a sentir na pele o que é ir todos os dias para um local de trabalho sem qualquer tipo de motivação e sem aquela sensação de recompensa que sentem os que são pagos pelo empenho e tempo que dispendem no serviço que fazem...