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Energia a Mais

A Hiperactividade vista à lupa

Energia a Mais

A Hiperactividade vista à lupa

23.Jan.14

da evolução da patologia

 

do Rafa e da PHDA, já tive muitas opiniões

 

Nem sempre se manifestaram corretas ou muitos assentes em princípios científicos válidos. Também já escutei outras mais fundamentadas, sobretudo de médicos especialistas que concordam que a sua prevalência na vida adulta é muito significativa! conheço casos concretos que acompanhei ao longo dos anos e que mostram realmente a continuação na vida adulta, das caraterísticas de instabilidade conhecidas desde a infância nos portadores de PHDA.

 

Tendo em conta que cada caso é único e que depende de variáveis distintas (a própria PHDA tem diferentes níveis e subgrupos de tipo) sinto que muitas vezes, só porque a manifestação mais visível em criança (a agitação, irrequietude tantas vezes confundida com traquinice) e que mais «queixas» provoca dos outros, deixa de ser tão visível - não é provável que em adulto continuem a subir móveis, paredes, que empurrem para chegar primeiro - se deixa de dar atenção a outras caraterísticas! e isso faz com que em adulto o próprio descure a sua situação e só procure ajuda médica em casos limite...

 

A minha grande preocupação são as possíveis evoluções desta patologia, desde algumas comorbilidades associadas e que se manifestam cedo (o Rafa tem várias que o acompanham e que agora se acentuam), até outras que só aparecem mais tarde e que muitas vezes ficam escondidas. A chegada da adolescência é uma fase de viragem muito importante, mesmo que sem qualquer «problema» a não ser a típica fase da idade. Juntar a isso toda a instabilidade de uma patologia comportamental, faz uma diferença enorme.

 

Vivo com um menino que está a deixar de o ser em idade - 13 aninhos a fazer já amanhã! a adolescência já não vai bater à porta, vai entrar sem licença. E agora? 

 

 

 

 

 

 

 

15.Jan.14

bullying na escola?

 

 

Que sei eu? afinal sou só uma mãe...que por acaso tem um filho com PHDA, cujo rótulo é suficiente para que na escola haja discriminação...que por outro acaso, coordena um núcleo de apoio a pais com miúdos «rotulados» e que por isso já foi chamada a intervir em várias situações em diferentes escolas

 

Na verdade, encontro muitas vezes situações de conflito entre pares, nos mais diferentes contextos muitos deles com crianças/adolescentes que sofrem por serem «diferentes». O que me desagrada é ver que na maioria dos casos onde a APCH tenta intervir (a pedido, por norma, dos pais das crianças vítimas) nem sequer somos autorizados...porque as escolas insistem em tratar dos assuntos a nível interno - mais, fazem-no às portas fechadas, tão fechadas que pura e simplesmente nem admitem ter um problema.

 

Por que razão isso acontece? Acho que por uma questão de mentalidades! Quando ouço pessoas mais velhas virem dizer que «no meu tempo, isto também existia, não se dava era esse nome» não posso dizer que concordo! Verdade que existiram desde sempre miúdos abusadores e miúdos abusados, só que os tempos são outros e as vítimas de hoje enfrentam muito mais do que um bando de rufias com ar de mandões, rufias que nem sempre levavam a melhor...agora a dimensão é outra! E o problema tem de ser resolvido com outras estratégias. Nas escolas de hoje, não se passa o mesmo que nas escolas de ontem! Basta entrar numa escola atual, num mega agrupamento, numa EB 2/3 para perceber que muita coisa mudou. Que os nomes estrangeiros que por cá se usam não podem ser usados com o significado do antigamente...refletem realidades atuais bem diferentes, onde a simples «postagem» num facebook altera o mundo dos envolvidos para sempre!

 

Numa das situações em que nos solicitaram ajuda para dialogar com a escola, foi-nos recusado o acesso pelo diretor, noutra, apesar de os pais nos terem facultado o acesso ao processo de acompanhamento psicológico, nunca conseguimos marcar encontro com o psicólogo da escola por este alegar sempre falta de disponibilidade...depois quando surgem casos destes, há sempre uma espécie de «camuflagem» e a tentativa de relacionar o suicídio com outros problemas, nunca com o bullying...«Suicídio de aluno afinal pode não ter sido bullying»

 

Acredito que nem todos os casos são exatamente o que parecem, muitos não serão certamente bullying mas a verdade é que a escola tem de encontrar meios para olhar mais de perto para os alunos, perceber o que está por trás de certos comportamentos, das tais dificuldades de aprendizagem (tantas vezes o estômago vazio impede a aprendizagem, o mau comportamento expressa uma realidade que nada tem a ver com indisciplina!). Tantos cortes em coisas tão essenciais como a contratação de profissionais da área da psicologia, agrupamentos de 2000 alunos com apenas um psicólogo a acompanhar...eu posso não perceber nada do assunto mas sei que isto não vai dar a bom porto!

 

 

14.Jan.14

Figurinhas de mãe

 

 

que se vê obrigada a resolver de forma prática as mais variadas «impulsividades»

 

Se às vezes me parece que o Rafa vai dando mostras de alguma maturidade, outras tantas mostram-me o oposto - a infantilidade dele raia muitas vezes o impossível...

Como na manhã de segunda feira em que teimosamente se recusava ir à escola - argumento? o irmão foi autorizado a ficar em casa (dado que se encontrava a recuperar de uma infeção na garganta, facto que para o Rafa era irrelevante!) logo, ele teria de ficar também....e de nada valia contra argumentar porque ele simplesmente nem nos ouve! parece-me nessas alturas absurdo vê-lo tão irredutível na sua teimosia, com quase 13 anos, será que não entende??? mas depois lembro-me que não estamos perante uma questão de vontade...o Rafa não consegue, não porque não queira mas porque não pode. E nem sempre fica fácil aceitar...

 

De qualquer modo, lidar com estas situações é quase o pão-nosso-de-cada-dia! e claro, há coisas que vou aprendendo. Por exemplo, se quiser fazer braço de ferro com o Rafa, tenho de me certificar de que disponho de pelo menos dois recursos inesgotáveis - paciência e tempo! ora nem sempre disponho de ambos, assim, do pé para a mão! então há que encontrar outros recursos...

 

Recuar nem sempre significa perder...por vezes tenho de recuar para ganhar em estratégia! e foi o que fiz, recorrendo a outro recurso de que as mães são peritas - a determinação! Assim, em vez de perder tempo a discutir com ele, simplesmente desisti e parti para o contra golpe. Ignorei a sua teimosia e marquei no relógio o tempo que tinha para se acabar de arranjar de modo a sair de casa, se não estivesse pronto na hora determinda eu, entretanto já pronta, saíria naquele instante e iria ter à comissão de proteção de menores para que alguém ficasse responsável pela sua ida à escola. Como a determinação está escrita no meu olhar, o Rafa começou a dar sinais de ceder. Acabou por, embora relutantemente e sob protesto, terminar a tarefa de se vestir e arranjar. E saiu quase empurrado para o carro onde o avô já o esperava. O problema foi que o Rafa continuou a protestar, desta feita, decidindo que não levava o saco de desporto, argumentando que não iria fazer essa aula...

 

Eu podia deixar a coisa assim e depois tentar resolver com a escola mais esta falta...podia - mas estava determinada a não o deixar levar a dele avante! aliás a lição teria de ser no imediato pois de nada me valeria deixá-lo faltar e só depois o castigar por isso! Montei então o esquema (e daí a figurinha que me sujeitei...)

Ora, confirmada a hora da aula, controlei o tempo e antes da aula anterior terminar, pedi na portaria que me fossem entregar (na sala) um bilhetinho ao Rafa. No bilhete escrevi «Estou na portaria. Vens buscar o saco para fazer a aula de educação física ou queres que peça para falar com a professora? Mãe!). Como o bilhete foi entregue na sala, a professora que estava com ele na altura também o leu...e posso imaginar o que terá passado na cabeça do meu filhote, fervilhando com certeza! a verdade é que logo a seguir no intervalo anterior à dita aula de EF, ele veio buscar o saco...não me deu uma única palavra, nem eu lhe falei.

 

Em casa, foi como se nada de anormal se tivesse passado, coisa a que já me habituei. Apenas após a toma da medicação da noite resolvi voltar ao assunto e sinceramente espero que não me faça nada parecido por uns tempos! 

 

 

08.Jan.14

as rotinas (ou talvez não)

 

 

ai e tal, as festas acabaram, agora volta-se à rotina....

 

bem, sim! mas só algumas. De resto, espero que este ano seja bem diferente e que não haja muito de rotineiro, sobretudo no que diz respeito ao meu estado de«dona de casa» sem trabalho a não ser o doméstico!

 

Os miúdos continuam a ser a minha prioridade mas este ano espero renovar a esperança de encontrar um trabalho em que me valorize e me sinta bem! ser mãe de duas crianças com PHDA é desgastante, faço o triplo de tarefas com cada um deles, passo muito mais horas de stress para manter o ritmo certo cá em casa, no entanto, sinto falta de ter o meu tempo ocupado por algo mais produtivo fora de casa. Apesar de saber que dessa forma, certamente teria menos tempo para acompanhar certos detalhes...e de o cansaço físico aumentar (ainda mais)! de certo modo, o meu cérebro também tem uma rotina diferente e na ocupação pode estar a libertação!

 

Se há rotinas bem vindas? sem dúvida - os miúdos estarem a acertar o relógio biológico «after party»! pelo menos agora consigo voltar a metê-los na cama pelas 22h00 a ver se se deixam dormir lá para as 22h30...o Quico ainda só consegue adormecer por volta das 23h ou até mais tarde mas penso que mais uma semana e o sono volta a estar mais regular! o mais importante agora será acertar também a medicação de cada um (que já não faz o efeito desejado) para que o segundo período escolar não descarrile...é pela experiência que tenho, um período sempre de maior sobressalto porque a ansiedade aumenta e porque a exigência é maior!

 

e assim vamos andando...novo ano, esperando viragem a sério! e dar um chuto nas rotinas!

 

 

 

 

05.Jan.14

resta-nos recordar até à próxima

 

 

 


 

 


 

 

 

Nem sempre fácil de gerir, o tempo de festas deixa no entanto aquela saudade! os miúdos vibram com a euforia típica mas a PHDA está presente nas mais pequenas coisas, desde o simples comer ao desembrulhar das prendas...a vinda do pai foi mais do que apreciada, só que os momentos eram vividos sob uma ansiedade constante por parte das minhas crianças. Para além disso, as crises do mais velho acentuaram-se nos últimos tempos e fez-nos a cabeça em água! rotinas de quem convive com esta perturbação em cada hora do dia...fica agora o desejo de que venha a próxima temporada, mesmo que a a tenhamos de viver a uma velocidade super sónica, sem tempo para grandes apreciações!