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Energia a Mais

A Hiperactividade vista à lupa

Energia a Mais

A Hiperactividade vista à lupa

24.Jan.13

ao meu filho

 

 

Rafael

 

Hoje a mãe resolveu escrever por aqui o que lhe passa na alma e na memória dos sentimentos. Não que tu já não o tenhas ouvido de mim...mesmo que por vezes pareça que nem me ouves - sei que atentas nas minhas palavras, principalmente quando te dizem respeito.

Bem sabes que dia é hoje! Um dia que marca a nossa família para sempre e cuja história se começou a compor há doze anos atrás. Numa hora que não foi nada «pequenina», com precalços que te fizeram ter de esperar e nos fazer desesperar em longas dezasseis horas de parto, acabavas por surgir à minha frente, pronto para dar início à mais bela das histórias!

E sim, doze anos passam a correr, não tanto para ti claro! Tu achas sempre que o tempo é «lento» demais para o que queres fazer acontecer...

Também sabes, porque já to contei que a primeira coisa que a mãe fez assim que te entregaram nos braços, foi a típica contagem dos dedos das mãos e pés, algo que uma mãe de primeira viagem deve fazer de forma lenta e ponderada...aquele momento em que dizemos «é perfeito!» como se  o facto de ter os dedos todos, fosse a prova dos nove final! No fundo serias perfeito de qualquer modo...

 

Eu devia ter desconfiado do teu choro constante, desde a maternidade, das poucas horas de sono, do comer agitado, do espernear enérgico, tantos sinais de que fazias tudo mais cedo e mais rápido do que qualquer outro bebé da mesma idade...mas foram precisos cinco anos de grande desespero, de muitas caminhadas a especialistas, de muitas tentativas e erros, até entender que essa «diferença» tinha um nome, até aprender a lidar com essa perturbação que te vai acompanhar ao longo da vida, até aceitar que a PHDA faz parte do nosso mundo. E deixar a culpa para trás, esquecer que durante muito tempo sentia que falhava, sentia que era péssima mãe porque não «dobrava» o que achava ser a tua teimosia e indisciplina.

Esse tempo não foi fácil para nós, pois não filho? E talvez por isso, ao contrário do que muita gente diz, eu considero que o Amor não acontece simplesmente...aprende-se a Amar! E eu aprendo em cada dia, cada vez mais. 

E sabes o que gosto mais do que tudo? Dos momentos em que com um olhar nos completamos - quando me olhas do teu modo muito particular e me deixas entrar nesse mundo só teu. Das barreiras que já quebramos, dos beijos que vais deixando dar, timidamente, dos abraços que toleras já com mais à vontade, de quando me pedes para que fique ao teu lado enquanto tentas dormir e sorrateiramente me vais dando a mão...

Não, os outros não vão perceber. Mas estas «vitórias» e conquistas, de tão desejadas, são as mais saborosas. Afinal quanto mais raras são as coisas, mais valor lhes damos. 

 

Aquilo que mais desejo para ti, meu filho, é que daqui a muitos anos, estejas a ler estas linhas com um sorriso de orelha a orelha! que me aches uma «lamechas» não me importo! Espero que sejas livre, que tenhas bom senso para guiar o teu destino, conduzir o teu dom, respeitando e sendo respeitado. Para isso meu filho é que luto agora. Para que outros aprendam o que eu já aprendi nestes teus doze anos de vida - que todos somos diferentes e há espaço para todos - porque a Vida é uma benção.

E espero que um dia consigas mudar o mundo, mas que o mundo não te mude a ti!

 

beijos da tua mãe

 

 

 

 

MUITOS PARABÉNS!!!

 

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