Diário de uma mãe desesperada
Para actualizar mais rapidamente os dias que estive sem escrever, resolvi fazer o resumo da semana em jeito de diário. Espero que entendam o título que dei a este post!
Dia 1 - sábado, 2 de agosto
Com os rapazes em casa e sem os habituais serviços de entretenimento, este foi um dia para fugir. Depois de uma manhã atribulada mas normal para o nosso estilo, acabei por me deixar convençer e arrisquei uma ida ao Centro Comercial.
As crianças entraram eufóricas e tiveram de sair arrastadas pois o comportamento altamente eléctrico chocou com os seguranças de serviço. O Rafa está ainda naquela dos palavrões, cada vez com mais apoio por parte do Francisco que, não só se ri imenso como ajuda o irmão, gritando ainda mais alto e repetindo as palavras mais sonantes com muito á vontade!
Dia 2 - domingo, 3 de agosto
Depois da experiência do dia anterior achei melhor ficar pelo ar livre. Como era o primeiro domingo do mês, a praça da cidade oferecia um montra engraçada de produtos variados, desde alimentos biológicos a peças de coleção, até verdadeiras bugigangas! É assim até Setembro, um mercadinho que traz mais visitantes. Já com os meus pais a ajudar, também fomos dar uma voltinha pela área.
Claro que depressa se instalou a confusão. O Rafael levou a bicicleta mas queria circular pelos sítios mais difíceis, depressa se cansou e quis ir á esplanada comer um gelado. O irmão também quis e foi a loucura com os dois a sujarem-se tanto que tive de ir a casa, trazer uma muda de roupa, enfiar o Francisco no WC da pastelaria e lavá-lo o melhor que pude! Entretanto privado da atenção total, o mais velho entrou de rompante dentro da pastelaria e exigiu que lhe colocassem gelo na garrafa de água pois não podia esperar mais, queria levar a água com ele e não podia levar um copo. Como o tempo de reacção das pessoas é por norma mais lento do que o dele, enquanto a senhora tentava processar o pedido, ele arrastou a arca dos gelados, encontrou o saco com gelo e começou a tirar as pedras.
Acabei por ter de o arrastar para fora, com ele aos socos e palavrões porque a água não estava ainda gelada e com meio mundo já a querer meter o bedelho. Depois de lhe desviar a atenção e conseguir pô-lo a jogar a bola com o avó, tive de impedir que o Francisco, sempre muito refilão, se atracasse a um miúdo que queria entrar na brincadeira.
O dia foi longo e muito cansativo, tanto que acabei por adormeçer com o chá junto a mim, em cima da cama ( o que me espantou que não entornasse) á espero que o dia seguinte fosse um pouco melhor...
Dia 3 - segunda, 4 de agosto
Tinha uns assuntos para resolver relacionados com a pt e outros, pedi ajuda ao avó e saí. Regressei, passado uma hora e encontro: um avó desesperado a tentar reparar o telemovel que o Francisco jogara pelo ar e os meus filhos, praticamente nús, aos gritos pela casa, roupa espalhada pelo chão, sofá de pernas para o ar, camas desfeitas, comida que serviu de arma de arremesso e outros indícios de que aquilo era uma cena de índios em terra de cowboys!
Passei o resto do dia a remediar os estragos e a tentar manter a ordem entre dois autênticos diabos. O banho foi o único momento de calma, mas como voltei a adormecer (desta vez na banheira), calculo que a hora não seria propícia - 01:30!
Dia 4 - terça, 5 de agosto
Fomos á piscina municipal, a única que o Rafa aceita entrar porque «não há profes e ninguém nos chateia» Mostrou orgulhoso que sabe fazer pinos dentro de água, nada na piscina intermédia e não na pequena e quer mergulhar da prancha ( não autorizado!)
O Francisco adorou chapinar na água e passou a ser fã dos calções de banho
Não fosse as birras por causa da entrada no carro, saída do carro, entrada na banheira, saída da banheira, local do jantar, hora de deitar, este teria sido um dia calmo
Dia 5 - quarta, 6 de agosto
Fomos á praia! Coisa rara entre nós, pois sempre que tentamos acabamos por não ir depois de grandes birras e fitas por causa dos calções, das bolas, dos papagaios, enfim! De qualquer modo desta vez nem correu mal de todo, os miúdos divertiram-se á brava e nós corremos que nos fartamos para os apanhar sempre que se escapuliam para o mar. As águas do norte são agitada e frias mas isso não os impede de esse ser o local favorito da praia e nem o lanche é tomado fora de água!
Chegaram cansados mas felizes e por momentos pareciam uns anjinhos....mas só para pedir outro dia de praia
Dia 6 - quinta, 7 de agosto
Fizemos-lhe a vontade e lá fomos fazer mais um dia de praia, embora com um sol meio escondido a obrigar um agasalhito para o final do dia pois á beira mar estava fresco. Único senão - a birra monumental á hora do almoço pois tive a brilhante ideia de parar num centro comercial e a ansiedade do Rafa subiu a níveis desesperadores! Ele entrou em crise depois de eu insistir para que comesse antes da praia e queria ir sem falta lançar o novo papagaio.
Por entre vómitos, dores de barriga, gritos e a normal confusão, acabamos por perder uma parte do dia, até se acalmar de novo e permitir seguir viagem.
Dia 7 - sexta, 8 de agosto
Passamos o dia em casa e isso foi uma decisão pouco sensata. Os miúdos entraram em parafuso e resolveram virar a casa do avesso. Fiz a minha cama 5 vezes, tentei manter a sala limpa e os quartos em ordem mas no final do dia mais parecia um campo de batalha. A batalha maior porém deu-se fora de casa! O Rafa tinha o aniversário de uma amiguinha e consegui que me acompanhasse para ir comprar a prenda, claro que quis uma para ele também o que envolveu uma negociação dura a que não faltou a incapacidade dele para se controlar. Ao fim de alguns minutos e já com uma bela assistência, ele foi ficando cada vez mais nervoso e passou a agredir toda a gente que lhe aparecia pela frente. Quanto mais pessoas se metiam, mais difícil se tornava acalmá-lo. Foi grande a dificuldade em fazê-lo ouvir e só depois de muita luta consegui que se sentasse no chão e tentasse parar para ouvir.
Nestes momentos percebo como é inútil falar com ele a meio de uma crise. As pessoas que assistiram comentavam que ele parecia possuído, e de facto é assim que fica, histérico e com uma força brutal. Só muito a custo volta ao seu estado normal e quando isso acontece é como se não se lembrasse do que aconteceu ou pelo menos parece não ter noção da gravidade do que fez!
Dia 8 - sábado, 9 de agosto
Com um tempo pouco convidativo e a sentir-me cansada, acabei por ficar por aqui...o que levou a mais uma situação daquelas. Na esplanada e por causa da habitual pressa em ser servido, o Rafa fez perder a cabeça a toda a gente e acabou por agredir o dono da pastelaria. Claro que ele já é conhecido por aqui mas começo a achar que vou ter cada vez menos possibilidades de sair á rua!
Embora á noite se mostrasse muito arrependido (coisa normal nestes miúdos) duvido que da próxima vez pare para pensar!!