sem tempo
sou sincera, estas são de longe as piores férias da minha vida! Não posso dizer que tenha tido férias a sério desde que o Rafa nasceu, mas sempre tem dado para descansar um pouco e sair da rotina. No entanto, este ano, com o Francisco em idade de grande agitação, da descoberta e da imitação de tudo o que o irmão faz, com o problema da medicação do Rafael ainda por resolver, com o meu marido a trocar as voltas da data de descanso, com a péssima opção de ficarmos em casa(!), tudo se conjugou para o descalabro das férias, sendo que nesta altura nem tempo tenho para me sentar e dedicar-me á minha terapia da escrita ou da leitura.
Tudo o que mais me preocupa ganhou uma nova dimensão e é assustadora! O Rafael tem andado verdadeiramente incontrolável, temos cada vez mais receio pelo seu futuro. Para a minha família mais próxima (pais) tem sido um inferno. As tentativas para sairmos e fazermos qualquer tipo de programa em conjunto são uma aventura, uma simlpes ida á praia dá para o argumento de um filme de acção, as crises em público são muito frequentes e cada vez mais intensas. São raros os momentos agradáveis, em família, com almoços calmos e belos fins de tarde (os períodos do dia mais difíceis para a hiperactividade são exactamente aqueles em que a nossa resistência também se vai abaixo). O pior é que me sinto muito, muito cansada...preciso do meu espaço e do meu tempo para recuperar, da minha alimentação equilibrada, da minha terapia Reiki á noite antes de dormir, de entrar na net e ter o meu tempinho para as novidades, e, claro das brincadeiras com os filhotes, do namoro com o marido (que ainda por cima está sempre longe!) e do não fazer nada...
Sem querer ofender, acho que há muito boa gente que se queixa sem razão, ouço ás vezes conversas do género: «ai, que horror nem pude ir jantar fora, nem fomos ao cinema este fim de semana, os miúdos estavam tão difíceis, tive de lhes dar umas palmadas, vê lá queriam andar de bicicleta! Ainda não fizeram fichas nenhumas da escola! Não dá, já disse ao meu marido, amanhã deixamos os putos com a avó, vamos sair» Ora eu penso, tanto alarido porque os miúdos também querem ter tempo para brincar?! Não é suposto eles fazerem isso mesmo? Eu que tanto queria que o meu filho apreciasse cada brincadeira, que não vivesse sempre a pensar na seguinte sem sequer dar tempo para se entusiasmar com alguma coisa. Que andasse mais do que 5 minutos com a bicicleta, que fosse á praia para se divertir e não com a pressa toda de tentar fazer tudo ao mesmo tempo!
Nesta férias que não chegam a ser, eu queria principalmente tempo. Para mim, para eles , para a casa, enfim para a Vida!
Abro um parêntesis para explicar que consegui dar umas tecladas no PC porque hoje há volta - temos a Volta a Portugal em bicicleta a terminar em S. João e por vivermos mesmo em frente á zona da meta e haver novidades, os miúdos deixaram-se convençer a ir até lá fora com o pai. Daqui a pouco vou juntar-me á festa para ver se a casa também tem descanso.