Como é que é?!!
Ainda não sei bem como classificar o dia de ontem...digam vocês o que pensam!
De manhã fui a uma entrevista de emprego. Já há algum tempo que procuro um emprego a tempo inteiro...mais precisamente desde há um ano - depois do nascimento do Rafa fui ficando em casa por uma espécie de opção (in) voluntária, uma vez que as dificuldades em acompanhar a evolução do meu filho foi obrigando a isso. Uma vez que me encontro fora do mercado de trabalho (pelo menos na minha área de formação) há cerca de 7 anos, comecei por uma reciclagem, aceitando um estágio não remunerado numa empresa de trabalho temporário fazendo sobretudo entrevistas, selecção e acompanhamento de possíveis candidatos. Ora, nem de propósito entrei no mundo da precariedade laboral que me parece ser cada vez mais a nossa triste realidade! Findo o estágio em Fevereiro deste ano, lá comecei as intermináveis buscas de algo que pudesse ser mais perto de casa, para compensar os tristes salários que nos pagam...fui enviando currículos e entretanto fui chamada á tal entrevista numa empresa de segurança e higiene no trabalho, mesmo aqui ao lado...
Bom começa a entrevista e lá vem a pergunta que detesto - «então quais são as suas expectativas salariais?» e eu evitando o que me vinha á cabeça «expectativas?! há 10 anos atrás eu ganhava 1000 euros líquidos como directora de marketing numa grande empresa de informática», respondo educadamente «bom, obviamente espero ser recompensada de acordo com as minhas funções e o que esperam de mim»; segunda pergunta que detesto «pois então está parada há 7 anos?» mais uma vez escondo o que penso «parada?! bom este nunca deve ter olhado bem a realidade das mães, vou ter azar...» respondo «fui aproveitando para estudar um pouco mais sobre matérias que me interessam e usando a minha experiência de outro modo»; terceira pergunta e que realmente detesto pois é quando nos dão a sentença final «tem dois filhos? pequenos ainda?» abdico totalmente de dizer o que quero e «pois tenho um com 7 e outro com 2 anos, mas estão na escola e infantário durante todo o dia, já os coloquei como prioridade mas agora estão bem entregues!» E para rematar «até que horas poderá trabalhar?» ele estará a falar a sério? Bem, tendo em conta que os meus pais podem ficar com os miúdos entre o final da escola até ás 19:00H (mais seria um massacre pois aturar um Rafael em fase de descompressão e o Francisco cada vez mais arrebitado é dose!) digo «bem, poderei ficar até ás 19:00H...»
Consegui compreender de imediato o «hum,hum...» que ouvi do entrevistador...depois vim embora com a informação que depois de feitas todas as entrevistas, serei contactada...pois sim!! Afinal como é que é?! Não se pode pensar em ter uma justa recompensa por aquilo que trabalhamos? E por ter estado desempregada mas tendo uma casa para orientar temos menos validade para o trabalho? E por ser mãe a tempo inteiro somos penalizadas? Como querem aumentar a natalidade num país que penaliza as mães descaradamente? Serei utópica em achar que é possível conciliar maternidade e dedicação laboral?! O que dizer então de países em que as empresas são obrigadas a garantir o posto de trabalho da mãe até a criança ter 3 anos, se esse for o desejo dela?! O que dizer das políticas sociais das empresas que garantem creches e infantários ás crianças dentro das suas instalações ou ao lado, para que as mães consigam conciliar o tempo de trabalho e usufruir dos seus direitos (como o direito a amamentar, por ex.) e o facto dos horários serem flexiveis e pensados para a família, colocando a qualidade de vida como principal objectivo? Os pais terminam o seu dia ás 15:00H para poderem ir buscar os filhotes que saem ás 16:00H e têm um dia por semana totalmente livre da parte da tarde para poderem estar mais tempo juntos...são eles que estão errados? É que o nível produtivo desses países é manifestamente superior ao nosso!!! Como explicar?!
O post vai longo mas o dia não acabou por isso e porque agora vou ter de fazer reposição de géneros na despensa, conto o resto mais logo....