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Energia a Mais

A Hiperactividade vista à lupa

Energia a Mais

A Hiperactividade vista à lupa

05.Jan.12

Vida suspensa

 

 

ou como o desemprego muda tudo....

 

Pois é! o início deste ano trouxe uma daquelas alterações à vida que nos deixam com pouca vontade de dar as boas novas...Com dois cursos superiores, mais de 15 anos de licenciatura, com altos e baixos no percurso profissional, estou mais uma vez no espaço de três anos, sem emprego. A trabalhar na área da saúde, uma das que mais cortes sofreu por parte deste governo, vi o meu posto de trabalho a ficar cada vez mais em risco até à queda fatal, no final de dezembro - era inevitável, gente a mais (para uma clínica que viu reduzir a sua faturação em mais de metade) e contrato de trabalho a terminar, era eu sem dúvida o elo mais fraco - vim embora... Admito que ainda com um misto de sentimentos que vão da frustração à raiva, da saudade à angústia da perda. Muito dei de mim e muito trouxe comigo, das colegas de quem fiquei amiga, das coisas que aprendi, dos momentos sem ponta de monotonia, alguns episódios inesqueciveis! Continuo assim, tal como com o primeiro trabalho, genuinamente interessada, fazendo de cada etapa uma aprendizagem...pena de que por enquanto, não possa dizer que isso me tenha trazido estabilidade - ou tenha sequer valido a pena!

 

Não está a ser fácil habituar-me sem desatinar...ficar à mercê de um qualquer subsídio não é um plano de vida. Mas arriscar, principalmente quando há tanta coisa a correr mal neste país, também não me parece uma alternativa risonha...Precaridade começou a ser uma palavra demasiado presente no meu dia a dia! como se não bastassem as dificuldades normais de rumar contra a maré, vejo-me agora sem remos - em águas turbulentas, com mais dois a bordo e um destemido (marido) que tenta manter o barco à tona....

 

 

 

Tratar de todo o processo burocrático de acesso ao fundo de desemprego é absolutamente desgastante. Desanimador quando se chega a uma instituição como o IEFP e logo pela manhã se tira uma senha de atendimento com o nº 570....numa sala a abarrotar, vejo pessoas de todo o tipo e basicamente todas com o mesmo ar que sei que vou ter daqui a algum tempo (coisa que nunca esperei dizer...) resignado! Lá se vai cumprindo o ritual - inscrição no centro de emprego, prova da situação em relação a descontos efectuados nos últimos 450 dias, o funcionário que nem nos ouve lá faz o preenchimento on-line do requerimento para subsídio e pronto - estamos oficialmente à espera de....coisa nenhuma! sem ilusões, já perto dos 40...cá irei dando conta desta minha «nova» luta - e prometo, sem esconder o que me vai na alma! e se alguém se revir na situação faça favor de intervir!

 

Manter a rotina com os miúdos está a ser complicado - eles já perceberam que a mãe passa mais tempo em casa e em horários em que antes eram os avós a comandar - o problema é que se lhes explico que estou desempregada, a ordem das coisas (levantar, sem margem para demoras, vestir, ir à escola...) fica logo alterada. Optei então por lhes dizer que por enquanto a mãe está a fazer um horário diferente do anterior - faz o mesmo trabalho mas sem pausas e assim está em casa mais cedo - o que até é uma meia-verdade, pois acabo por passar mais tempo no núcleo da APCH, obrigando-os a sairem de casa à hora habitual. E assim vamos indo, aos tropeções, com a vida suspensa....

 

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