volta e meia
a vida dá umas quantas voltas e deixa-nos de voltas trocadas
pensava eu que teria esta semana uma preocupação maior com a reentrada das crianças na escola e com as voltas típicas destes recomeços...mas enganei-me. Foi o avô que nos trouxe uma maior aflição, embora o seu problema de saúde já fosse conhecido - uma úlcera no estômago obriga a cuidados regulares, desta vez um agravamento súbito levou a uma ida às urgencias do hospital, a meio da madrugada de segunda feira.
Como já aqui referi várias vezes, os meus pais fazem parte da nossa vida, são os nossos esteios, suporte familiar mais que querido! a eles recorro com frequência diária e mesmo agora que estou sem trabalho fora de casa (excepto o voluntariado que faço na APCH) e tenho por isso mais disponibilidade de horários, eles permanecem como apoio, quer com as crianças, quer com algumas tarefas caseiras. Por tudo isso este súbito afastamento do avô trouxe muitas quebras na rotina e os miúdos teimam em me fazer perguntas a toda a hora, querem fazer visitas ao meu pai, resistem como podem e sempre com a agitação própria que os carateriza!
Agora que as coisas estão a acalmar, não posso deixar de me REvoltar com a situação sentida na pele de quem tem de recorrer a um hospital público e se dá conta da enorme disparidade de valores suportados pelo utente, depois das mexidas deste governo. Fico a pensar nos milhares de portugueses que não tendo posse nem para comer, se deparam com uma situação de doença (que por si só já é debilitante) e acabam por ter de escolher entre comer no dia a seguir ou fazer os tratamentos e exames necessários...o meu pai teve de pagar por exames no hospital mais de 30,00€. Nos bombeiros foram 12,00€ e pelos medicamentos mais de 60,00€...Só para começar...seguem-se consultas no centro de saúde (5,00€) e consequentes exames e seguramente mais medicação. Isto sem contar com as deslocações....
Mas que raio de país é este que caminha para um fundo poço sem fim à vista? como podemos ficar calados perante esta usurpação dos direitos de um estado social? um estado que ainda diz ter proteção social para os mais desprotegidos?!! isto é proteger quem sempre trabalhou, pagou os seus impostos e sempre viveu com o que era seu??!!
Não consigo esconder que não apoio nenhuma destas medidas a pretexto de uma crise que não foram os comuns dos portugueses que criaram. O que me idigna é que nenhuma destas medidas de austeridade são acompanhadas de um reforço das proteções e do desenvolvimento de políticas sociais. Pelo contrário, assiste-se a uma constante tentativa de privatizar bens essenciais e que deveria ser de acesso gratuito por serem o garante de um serviço para todos (não apenas para os que podem pagar). Quer no contexto da saúde, como na educação e no trabalho estamos a regredir e a ficar ao nível da célebre máxima de Salazar «ao povo basta-lhe pão e vinho» de resto que morram ignorantes e analfabetos e de preferência sem chegar à idade da reforma (muito menos antecipada) que é para não dar muito gasto ao estado!!!! porra de país
pronto desabafei!!!