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Energia a Mais

A Hiperactividade vista à lupa

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A Hiperactividade vista à lupa

09.Mai.12

nem uma, nem duas

 

mas três crises fez o Rafa nestes últimos dias...

 

 

 

imagem retirada da net


 

por «crises» não me refiro à agitação com que vive cada dia. Para mim ver o Rafa correr pela casa, com a bola nos pés, saltar a todo o instante, não conseguir ficar mais de 10 minutos seguidos com uma tarefa, não deixar o irmão em sossego um minuto, falar pelos cotovelos, falar muito alto, rir histericamente, chamar-me de 5 em 5 minutos, torcer as mãos, torcer os dedos, não se sentar para fazer os tpc...isso é normal. Crises são momentos que surgem incontroláveis, no meio do descontrolo a que já me habituei...

 

Desde a semana anterior que se vão notando sinais de maior descontrolo. O médico do Rafa sugeriu fazer-mos uma pausa num dos medicamentos e portanto poderá estar relacionado. Para além de andar mais agressivo (em qualquer reação nota-se maior exagero na atitude, no falar, etc) também dorme menos e com sonos mais agitados. Por exemplo voltou a ter momentos de sonambulismo.

Isso, aliado à natural ansiedade que toma conta deles aquando dos testes, mais a alteração que nos atingiu a todos com o acidente da avó, enfim, um mix explosivo para um miúdo com um disturbio de PHDA, de tipo impulsivo, grau severo...

 

Num desses momentos o Rafa teve um ataque de pânico num teste de matemática (disciplina a que tira nota de 100% nos testes e 5 na pauta). Ficou branco, agoniado, teve de sair, vomitou mas voltou de novo à sala super aflito por não conseguir fazer o teste dentro do tempo regular...Estava desoladíssimo no final

 

Noutra altura entrou em histeria por não conseguir encontrar um autocolante que um amigo lhe dera na escola. Ele queria mostrar-mo mas quando se lembrou dele e o procurou por todo o lado, descobriu que não o tinha. Entrou num crescendo de aflição, as horas passando....não conseguia dormir, 11h da noite e sempre aos berros, o irmão em pranto, ele super stressado desatou aos pontapés às portas e radiadores, eu sem o conseguir parar, enfim. Cheguei a comentar num post anterior tive de ir à rua procurar debaixo dos assentos no carro, eram já duas da manhã...

 

Também teve uma briga descomunal com o mano que me obrigou a recursos s.o.s. O fim de semana passado foi alucinante...

 

Claro que não acontecem «crises» só em casa. Se assim fosse a patologia de que sofre não seria a PHDA...este é um distúrbio que acompanha a vida diária das pessoas que dela padecem e portanto em qualquer contexto, escola, rua, acontecimentos públicos, ela manifesta-se. Por isso não me surpreende que tenha trazido da escola recados vários nestes dias...

 

o que me IRRITA mesmo muito, é que estes recados da diretora de turma, reportando o «registo de ocorrências» como ela lhe chamou, são para mim sinónimo da total falta de conhecimentos (para não lhe chamar outra coisa) dos professores do meu filho! vejamos:

 

num dos recados, escreveram o seguinte «informo que no dia x o seu educando perturbou o funcionamento da aula de música e teve uma atitude desadequada», noutro «a ciências da natureza, o seu educando perturbou o funcionamento da aula e não fez os tpc..» e mais dois de teor semelhante (EVT e matemática)...

 

Ora agora pergunto eu, tendo em conta que desde o inicio do ano letivo, ando a informar a escola de todos os assuntos relacionados com a PHDA diagnosticada ao Rafa, que já levei todos os relatórios disponibilizados pelo médico, que me prontifiquei a levar material informativo sobre esta perturbação, que já tive milhentas conversas com vários dos professores....o que raio querem dizer com ATITUDE DESADEQUADA? O que é uma atitude desadequada num miúdo com PHDA?

Num contexto de sala de aula, os meninos devem estar sentados, falar só quando o professor o solicita, realizar as tarefas segundo a ordem do professor e terminá-las no período indicado - tudo o que um miúdo com esta perturbação tem dificuldade em fazer. Se num miúdo dito «normal» se pode chamar desadequado, quando não cumpre estes tipo de requisitos e por exemplo se levanta inúmeras vezes, fala quando não é solicitado, interrompe, não realiza a tarefa, num miúdo com PHDA este comportamento é o normal - é isto que se espera que aconteça, tem de ser esta a expectativa do docente. O cumprimento das regras e o funcionamento adequado, vem apenas com o trabalho ACRESCIDO que tem de se fazer com estas crianças e com uma série de estratégias DIFERENCIADAS que o professor deve implementar na sala de aula, de modo a conseguir o mesmo tipo de resultados das outras crianças.

 

Se tenho de fazer disto uma luta diária, então que seja - se acham que me vencem pelo cansaço até me ouvirem dizer coisas como «fez bem em chamá-lo à atenção, fez bem em marcar falta, fez bem em mandar recado» que se desenganem - nunca vou desistir e nunca vou dizer que se ele quiser pode fazer as coisas como os outros miúdos - a PHDA não depende da força de vontade. Nem é uma alteração benigna do comportamento. Implica muito mais, tem de ser encarada com mais seriedade, pelo bem de todos os que sofrem

 

e pronto, lá vou eu para mais uma conversinha com a diretora de turma....

 

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