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Energia a Mais

A Hiperactividade vista à lupa

Energia a Mais

A Hiperactividade vista à lupa

13.Mar.08

Um dia de rotina (parte II)

Olá de novo. Só hoje tive tempo para continuar a minha exposição sobre como gerir uma casa a mil (outra coisa não seria de esperar, o tempo não chega para tudo e há coisas sagradas). Na parte dois da rotina diária vou referir - a chegada da escola: uma aventura que dura para cima de 30 mns , para fazer só o percurso até casa (nós vivemos a 5 mns , o resto é fruto da euforia que ambos sentem quando me apanham a jeito novamente). Logo que chego ao infantário ouço as queixas do dia e passo á complicada tarefa de conseguir trazer um malandrinho que mal fala mas que se mexe como uma enguia, para fora do seu território. Depois, apanhar o mais velhinho pode ser quase impossível mas com a cumplicidade do porteiro da escola lá consigo entrar no recreio e puxà-lo dos baloiços, claro que ainda tenho de o lembrar de metade das coisas que devem regressar com ele, como roupa, saco de desporto, etc. E começa a viagem, normalmente a pé, a não ser que chova a cântaros. Temos de passar sempre pelos mesmos locais, cumprir os mesmos rituais - beber água, caminhar (correr) sem ajuda pelo meio da confusão do trânsito daquela hora, brincar com o mais velho, chorar e amuar porque não, não podemos parar no café agora, comprar uma goluseima já á porta de casa e finalmente depois de muita gritaria para avisar os vizinhos que já chegamos, lamber a porta de vidro da entrada, dar um beijo no espelho do elevador e entrar de rompante pela porta adentro.

Os banhos são um capítulo que começa logo de seguida pois se assim não for, o jantar já não é no mesmo horário e isso é algo que NUNCA pode acontecer. Como ambos gostam de água até podia ser divertido mas podemos demorar cerca de duas horas neste ritual, sendo que grande parte do tempo passa-se comigo a fazer entrar ou sair da banheira as duas pestinhas , limpar-me e tentar manter o nível da água dentro de controlo, o que é sempre difícil se a isso juntarmos umas quantas idas á cozinha para ir adiantando a janta. 

Uma das partes mais interessantes da noite está quase a começar - aqui a expressão jantar volante faz todo o sentido. O mais velho já consegue comer enquanto salta, joga á bola ou d á cambalhotas no sofá mas para o mais pequeno tudo isso é novidade que tem de ser devidamente experimentada, pelo que eu tenho de o acompanhar enquanto equilibro o prato da comida e tento mantê-lo minimamente limpo.

Vamos então para a derradeira tarefa, colocá-los na cama. Mais uma vez é impossível fujir ao ritual, para um consiste nas canções (o mais novo) para outro nas histórias (o mais velho), para ambos tem de haver a preparação, ou seja uma hora de completo desvario que serve principalmente para me cansar enquanto eles se divertem á brava. Nessa hora tudo pode acontecer, desde números de circo até batalhas com os mais diverso objectos, sendo que a sala parece tomada por um furacão que muitas vezes alastra até outros locais da casa. Quando tudo parece estar prestes a vir a baixo, está na hora da canção de embalar e dali a trinta minutos, a história (sempre sobre dinossauros, mundo ou corpo humano). Quando a última pestana se fecha, então sim, dou valor á vida e agradeço este dois tesouros.  Amanhã é outro dia!

04.Mar.08

Um dia de rotina (parte I)

Todos os hiperactivos têm uma rotina muito própria. Os meus são tão organizados na sua desorganização que até assusta. O dia está dividido em - antes da escola e depois da escola. Aos fins de semana o dia est á dividido em - antes da escola e depois da escola, com a clara diferença que não há escola durante todo o dia.

A rotina é sempre a mesma, em termos de horário temos a primeira parte da responsabilidade do mais pequenino que começa normalmente entre as 04:00H e as 04:30H e termina para um descanso entre as 06:00H e as 06:30H (este intervalo é aproveitado por mim para, nos dias de semana, levantar-me e iniciar as tarefas ou, nos fins de semana, fechar os olhos por uma hora). A segunda parte já é de responsabilidade do mais crescidinho - eles dividiram por uma questão de igualdade, assim garantem a minha assistência exclusiva. Começa por volta das 07:00H / 07:30H e entretanto vai alongar-se e confundir-se ao longo do dia.

Enquanto as crianças afinam as gargantas eu preparo-me para a habitual correria, duzentas chamadas de atenção para a hora e posso começar a terefa de vestir os diabinhos. A escola é á s 09:00H mas entretanto eu já fui levar a minha mãe (que vive perto de mim) ao trabalho o que implica fazer esticar mais meia hora. Pelas 08:30H estamos na fase mais dura (que o digam os vizinhos), a medicação ainda não faz a diferença e as roupas têm asas e aterram nos sítios mais estranhos, posso ter de levar um, ou mesmo os dois, sem alguma das camisolas vestidas (tarefa que é terminada no único café que nos acolhe com um sorriso, enquanto a Dª Lígia  prepara os lanches e os coloca na mochila). Depois dos vómitos da praxe ( o mais velho tem sempre dores de barriga que terminam na projecção de cuspe e saliva) e da tentativa de limpar o mais pequeno da manteiga que entretanto espalhou pela cara, roupa, cabelos, chegamos finalmente á primeira paragem/descarga - o infantário e logo a seguir (do outro lado da rua) a escolinha do mais velho - mais um pouco para o necessário empurrão final, a promessa que o comer da cantina vai ser do seu agrado e pronto, estou livre para me dedicar a umas horitas de descanso (trabalho)!