Um dia de rotina (parte II)
Olá de novo. Só hoje tive tempo para continuar a minha exposição sobre como gerir uma casa a mil (outra coisa não seria de esperar, o tempo não chega para tudo e há coisas sagradas). Na parte dois da rotina diária vou referir - a chegada da escola: uma aventura que dura para cima de 30 mns , para fazer só o percurso até casa (nós vivemos a 5 mns , o resto é fruto da euforia que ambos sentem quando me apanham a jeito novamente). Logo que chego ao infantário ouço as queixas do dia e passo á complicada tarefa de conseguir trazer um malandrinho que mal fala mas que se mexe como uma enguia, para fora do seu território. Depois, apanhar o mais velhinho pode ser quase impossível mas com a cumplicidade do porteiro da escola lá consigo entrar no recreio e puxà-lo dos baloiços, claro que ainda tenho de o lembrar de metade das coisas que devem regressar com ele, como roupa, saco de desporto, etc. E começa a viagem, normalmente a pé, a não ser que chova a cântaros. Temos de passar sempre pelos mesmos locais, cumprir os mesmos rituais - beber água, caminhar (correr) sem ajuda pelo meio da confusão do trânsito daquela hora, brincar com o mais velho, chorar e amuar porque não, não podemos parar no café agora, comprar uma goluseima já á porta de casa e finalmente depois de muita gritaria para avisar os vizinhos que já chegamos, lamber a porta de vidro da entrada, dar um beijo no espelho do elevador e entrar de rompante pela porta adentro.
Os banhos são um capítulo que começa logo de seguida pois se assim não for, o jantar já não é no mesmo horário e isso é algo que NUNCA pode acontecer. Como ambos gostam de água até podia ser divertido mas podemos demorar cerca de duas horas neste ritual, sendo que grande parte do tempo passa-se comigo a fazer entrar ou sair da banheira as duas pestinhas , limpar-me e tentar manter o nível da água dentro de controlo, o que é sempre difícil se a isso juntarmos umas quantas idas á cozinha para ir adiantando a janta.
Uma das partes mais interessantes da noite está quase a começar - aqui a expressão jantar volante faz todo o sentido. O mais velho já consegue comer enquanto salta, joga á bola ou d á cambalhotas no sofá mas para o mais pequeno tudo isso é novidade que tem de ser devidamente experimentada, pelo que eu tenho de o acompanhar enquanto equilibro o prato da comida e tento mantê-lo minimamente limpo.
Vamos então para a derradeira tarefa, colocá-los na cama. Mais uma vez é impossível fujir ao ritual, para um consiste nas canções (o mais novo) para outro nas histórias (o mais velho), para ambos tem de haver a preparação, ou seja uma hora de completo desvario que serve principalmente para me cansar enquanto eles se divertem á brava. Nessa hora tudo pode acontecer, desde números de circo até batalhas com os mais diverso objectos, sendo que a sala parece tomada por um furacão que muitas vezes alastra até outros locais da casa. Quando tudo parece estar prestes a vir a baixo, está na hora da canção de embalar e dali a trinta minutos, a história (sempre sobre dinossauros, mundo ou corpo humano). Quando a última pestana se fecha, então sim, dou valor á vida e agradeço este dois tesouros. Amanhã é outro dia!