Parece estar na ordem do dia - agora os entendidos garantem que os pais são os culpados pelo facto de uma criança/jovem ter «agredido» uma professora dentro da sala de aula. Diga-se que nem o tema é novo, nem a culpa morre solteira. Claro que a falta de disciplina é notória, claro que não se deve generalizar e sabemos que a violência nas escolas está em crescendo.
Mas como mãe de duas crianças cujo comportamento tantas vezes não se adequa ao esperado, embora por motivos que se relacionam com facores não controláveis, sei muito bem o que é sentir na pele o olhar reprovador e a sensação de culpa. No entanto também me revolta esta tentativa de simplificar este tema, empurrando para os pais a parte mais feia, o que ninguém quer assumir. Nós podemos de facto ser os responsáveis pela educação dos nossos filhos?
Quais são os pais que conhece, que têm tempo para estar com os filhos, acompanhando o seu crescimento e a sua evolução? Eu sinceramente não conheço nenhum pai que o possa fazer, sendo que a maior parte da população portuguesa se encontra nas mesmas condições. Sejamos realistas, o dia só tem mesmo 24 horas e mesmo quando há uma família estruturada, se se que pagar os empréstimos no final do mês, alimentar e vestir o agregado familiar, há que trabalhar e no duro. Muitas mães não chegam sequer a usufruir dos ridículos 4 meses permitidos por lei para a licença de maternidade, pois se o fizerem podem não ter emprego no regresso; muitos pais trabalham por turnos e em horários imcompatíveis e muitos filhos não chegam a ver toda a família mais do que uma vez por semana. Isso quer dizer que somos maus pais? O que me aprece é que temos de repensar o papel de cada um de nós perante a geração futura.
Se as nossas crianças passam muito mais tempo em instituições de ensino do que com os pais, não deverão ser estas a assumir um papel preponderante na sua formação?
Os professores, agora tão revoltados, tão agitados por causas tão «justas» como as actualizações salariais e de carreiras, não deveriam repensar o seu papel perante o aluno e agir mais como educador em vez de se verem apenas como veículo de conhecimentos curriculares?
É que ainda não ouvi professores reivindicarem um método pedagógico diferente para as nossas escolas! Isso sim seria útil e demonstrativo do seu interesse perante o aluno. Por que não fazem uma proposta ao ministéria para que seja feita uma verdadeira reforma do nosso sistema pedagógico, por exemplo contemplando os métodos usados pelo sistema que mais cresceu nos últimos 10 anos, com mais de 300 escolas espalhadas pelo mundo e que a UNICEF considera o sistema pedagógico mais válido para o futuro? (Já agora sabem qual é?)
Repito o que disse mais acima, sei que não devemos generalizar e tenho a certeza de que existem óptimos profissionais nas escolas portuguesas, esses sim, vítimas do sistema mas a maioria está mais interessado em sacudir a água do pacote do que em melhorar a relação com os alunos.