Caminhos
Pois é! Já cá faltava um post para contar o que aconteceu na consulta de neuropediatria do Rafa...o meu homenzinho estava demasiado energético nos últimos tempos, o que nos levou a antecipar a consulta de avaliação que deveria acontecer no fim de Janeiro.
Primeiro deixem-me explicar que levar os dois monstrinhos a qualquer lado, só com a presença de um adulto (mesmo que muito esforçado) é uma tarefa que se pode tornar séria!
Segundo, levá-los a uma consulta (principalmente ao Rafa) torna a tarefa ainda mais complicada!
Terceiro, o raio do tempo não ajudou pois para os tirar de casa, sem promessas de passeios com bicicletas e bolas, torna a dita tarefa, uma missão (quase) impossível...
Chegamos pois, em cima da hora (já me tinham ligado da clínica a avisar que estava para sair a pessoa anterior - uma táctica que usam desde que os miúdos passaram a ser conhecidos no sítio) o que não é muito mau, porque assim temos menos tempo de espera.
Cada vez me convenço mais de que os meus filhos vão ser políticos um dia, tal é o poder hipnótico que detêm sob as massas...que é como quem diz, mal chegaram passaram a ser o centro de todas as atenções! O Quico porque quis ir ao wc e resolveu fugir sem roupa, pela sala fora (consegui muito a custo voltar a vestir cueca e calça, com muito ranho pelo meio); o irmão porque se divertiu imenso com a cena e claro, fez um espalhafato, gritando, rindo e tentando arrancar-me o telemóvel pois queria informar o pai do que se estava a passar....
Estavamos há uns dez minutos nisto, quando me apercebi de que havia uma pessoa na sala que observava as coisas de um modo especial (chamem-me bruxa). Tinha um papel na mão e parecia muito atento aos miúdos...soube mais tarde que era um psicólogo que trabalha na mesma equipa de médicos do Rafa. Ora fiquei contente porque achei que esta observação, sem os miúdos estarem a contar, pode ser muito importante para se definirem certas estratégias!
Lá fomos chamados pela Drª Isabel que desta vez não teve mais sorte do que nas outras - o Rafa faz sempre umas grandes cenas e só depois de uma meia hora em que ela o ignora é que ele se presta a fazer o que lhe é pedido. Igualmente desta vez, confirmou que o Rafel é um menino perfeitamente normal a nível cognitivo, até mesmo com uma inteligência acima da média em alguns parâmetros! Muito bom pois atenua o efeito do déficit de atenção (que nele não é muito acentuado, felizmente). No entanto lá confirmou outra vez o tal comportamento disruptivo (o meu filho tem uma tal tendência para a agressividade e confrontação que provoca tensão entre todos). Comportamento que não pode ser apenas «contrariado» com estratégias educativas/disciplinares - tem de ser controlado com medicação...(é um medicamento que se costuma usar para tratamentos de esquizofrenia e sintomas bipolares, controlando o humor - a substância chama-se Risperidona)
Fomos depois conversar com o tal psicólogo que os observou na sala de espera - a sua especialidade é a avaliação do desenvolvimento. Pareceu-me muito competente, lá me deixou algumas dicas para aplicar sobretudo com o Quico, para tentar minimizar os problemas de vivência com o irmão...espero que resultem, irei comentar alguns á medida que os aplicar, lol!
Nova advertência da Drª Isabel de que o Francisco me dará ainda mais problemas do que o Rafa (???)
Conversamos depois com o Dr. Luís. Na sua vasta experiência, encontrou decerto meninos com graves distúrbios...no entanto não é fácil ouvir-mos dizer que o nosso filhote necessita de medicação, rigorosamente controlada por muito, muito tempo...que tem uma hiperactividade muito acentuada e que podemos falar em distúrbio bi-polar na infância (há pessoas na minha família com esse distúrbio, o que só reforça este quadro...) Também me alertou para as fobias do Rafa e que devo ter atenção a novos indicadores. Outro sintoma que no seu parecer é grave é a ansiedade elevada em que vive. Falamos da sua recusa em vestir roupa interior e tanto o Dr. Luís como a Drºa Isabel acharam que estou a fazer bem em não insistir mas que devo ter sempre atenção aos pormenores, como - mencionar que devemos usar roupa lavada e própria para interior, colocar sempre boxers ou cuecas junto á roupa que ele vai vestir, mencionar que o pai pediu para comprar roupa inetrior para ele, coisas assim....O Dr. acha que com medicação o meu filhote pode andar mais controlado e levar uma vida mais regular. Voltou a insestir que devemos ter em conta que este estado perto da histeria lhe provoca mau estar, que ele começa a ter noção de certas «diferenças» e que todos (casa, escola, amigos) devem ter uma visão correcta sobre a situação, pois para ele, perceber por exemplo que vomita sempre que vai sair de casa, pode começar a desenvolver outros problemas ainda mais graves...
Viemos com medicação reforçada em relação á Risperidona e com o Concerta 36 que vamos manter por 8 dias e fazer uma primeira avaliação. Quanto á minha dúvida do organismo dele se habituar rapidamente, o médico diz que pode acontecer mas na maioria dos casos, não existe dependência e que issso de veve mais á veriação hormonal e de peso...
Quanto ao mais pequenino, aconselhou-me a fazer uma medicação leve por um mês, um tratamento para regular um pouco mais as horas de sono...deixou á minha consideração, por ser tão pequeno mas disse-me que eu própria iria poder descansar mais se ele dormisse melhor...achou-me cansada mas muito elegante, lol! A psicóloga não achou graça e disse que eu iria precisar de tratamento em breve porque não iria aguentar um emprego a tempo inteiro com duas crianças assim (muito animador, portanto!)
São estes então os caminhos apontados - medicação rigorosa para o Rafa, a juntar a novas técnicas a explorar com o Francisco e apoio psicológico mais frequente para o mais velhinho ultrapassar alguns dos seus tormentos.
Caminhos que podem não ser os únicos mas que por agora terei de percorrer, um passo de cada vez, esperando que no final, seja possível respirar, por ter feito a escolha certa!