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Energia a Mais

A Hiperactividade vista à lupa

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A Hiperactividade vista à lupa

23.Fev.11

Resiliência = ultrapassar as dificuldades



Como é que as pessoas lidam com as adversidades? 

Há várias formas de lidar com elas, se por um lado, há pessoas que ultrapassam os obstáculos e as dificuldades que enfrentam conseguindo demonstrar uma enorme adaptação, por outro lado, há pessoas que as não conseguem superar de forma adequada, desenvolvendo traumas.

Esta capacidade que as pessoas têm para lidar com as adversidades e ultrapassá-las saindo ainda mais fortalecidas é denominada de resiliência, sendo então, um processo que permite à pessoa resistir às contrariedades com que se depara no dia-a-dia. 


Mas como desenvolver a resiliência? O que torna uma pessoa resiliente? Será possível desenvolvê-la desde a infância? São algumas das questões mais colocadas.
Ao vivermos num mundo activo, confrontamo-nos com várias situações detentoras de adversidade e de ansiedade e, desta forma, potencialmente de risco. Os factores que dificultam a promoção da resiliência podem ser de variada ordem, entre eles existem aspectos biológicos, psicológicos e sociais.

Mas contrapondo os factores de risco surgem os factores de protecção, características que facilitam a promoção da resiliência. Estes factores podem ser resumidos em três grandes categorias: factores individuais, familiares e apoio extra-familiar (Garmezy, e Masten, 1991, citados por Anaut, 2005). As características da personalidade tais como a auto-estima, autonomia, orientação social positiva, nível de actividade, reflexão, habilidade cognitiva, sentido elevado do seu valor, vontade, capacidade de programar e executar acções sobre o seu desenvolvimento e o seu futuro, participam na resiliência. Aos factores familiares associam-se a coesão familiar, com suporte afectivo dos pais manifestando-se uma harmonia familiar, resultando numa favorável relação entre pais e filhos. As características extra-familiares resultam dos sistemas de apoio externos que provêm do suporte daqueles que o rodeiam, da comunidade, vizinhança e escola, ou seja, são grupos que reforçam a auto-estima e proporcionam um conjunto de valores positivos.


Podemos afirmar que desde o nascimento há interferência quer dos factores de risco que causam vulnerabilidade no desenvolvimento, quer dos factores de protecção que podem ser fomentados desde cedo nas crianças.
Apresentamos algumas estratégias para pais e educadores desenvolverem, em crianças desde o nascimento até aos três anos de idade, para facilitar a promoção da resiliência (Grotberg, 1995, citado por Martins, 2005):

•Oferecer amor incondicional, através de actos ou palavras que ajudem a acalmar, consolar e a encorajar a criança; as crianças precisam de afecto incondicional desde o nascimento, onde haja uma aceitação verdadeira das suas potencialidades e limitações. É este afecto incondicional que é o pilar da resiliência, pois ele promove a auto-estima e a segurança;

•Definir limites e regras claras, remover formas de disciplina que depreciem, humilhem e rejeitem a criança;

•Utilizar modelos de comportamento que comuniquem confiança e optimismo;

•Elogiar com sinceridade a criança pelas suas realizações e encorajá-la a realizar as coisas sozinha ou com uma ajuda mínima do adulto, haver um equilíbrio entre liberdade para explorar com apoios seguros;

•Promover o desenvolvimento da comunicação, nomeadamente da linguagem, utilizar uma linguagem adequada à criança para promover os aspectos da resiliência.

•Identificar e aceitar os sentimentos da criança, encorajá-la a reconhecer e a expressar os seus próprios sentimentos e a identificar os sentimentos nos outros;

•Dar conforto à criança e encorajando-a em situações stressantes, encorajar a autonomia, reforçar a auto-confiança nas suas capacidades e na resolução de problemas, bem como a confiança nos outros;

•Pelos três anos de idade começar a preparar a criança para lidar com eficácia situações desagradáveis, falando sobre elas;

•Estarem atentos ao próprio comportamento e ao da criança de modo a que possam aferir e introduzir mudanças, que possam encorajá-la a partilhar e a dar atenção aos outros;

•Promover um ambiente estável e equilibrado para a criança mas ao mesmo tempo proporcionar-lhe novidades, mudanças, liberdade e segurança.


A resiliência é, então, uma característica positiva presente no indivíduo que o ajuda a superar as dificuldades e a adaptar-se às circunstâncias mais adversas ao longo da sua existência. É uma competência que pode ser desenvolvida ao longo de toda a vida, mesmo desde a infância. 

 

(retirado com adaptações da net)

 

Quando falamos em crianças com PHDA esta competência será umas das maiores «armas» que nós pais e educadores devemos ensinar a usar desde cedo. Muitas das características desta perturbação fazem com que estas crianças sejam pouco confiantes, desmotivem com facilidade e pricipalmente desistam de ultrapassar as suas dificuldades. Sempre que não consegue fazer algo, o Rafa pura e simplesmente deixa de a tentar fazer. É uma luta constante para que coisas simples (mas difíceis para ele) como comer com talher, virar água para o copo sem entornar, se tornem obstáculos ultrapassáveis, motivando-o sempre para que nunca desista.

Na escola é necessário promover o sucesso, mostrando que uma dificuldade agora poderá ser uma área de sucesso no futuro. Tal como no caso do Rafa, sabendo que o seu ponto fraco é a língua portuguesa, particularmente a compreensão de textos e parte criativa, o incentivo e o elogio por fazer trabalhos dessa área, é sempre maior do que quando se trata dos trabalhos de matematica.

Se estas crianças sentirem que os obstáculos fazem parte da vida e que podem superá-los, tornar-se-ão melhores adultos um dia!