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Energia a Mais

A Hiperactividade vista à lupa

Energia a Mais

A Hiperactividade vista à lupa

31.Mar.11

aflições de mãe

 
 
como explicar aos miúdos que o nosso peixe de estimação morreu? pior....
 
foi assassinado!!! e pior ainda.....
 
foi um deles que o matou????? {#emotions_dlg.barf}
 
 
 

 

 
ainda para piorar mais....
 
foi uma morte tão estúpida que não sei como a vou explicar sem ter de entrar em contradição com as regras cá de casa!!! 
 
 
 
 

 

30.Mar.11

desafio meu

 

inspirei-me na sugestão do {#emotions_dlg.smile} e resolvi dedicar este post a um dos maiores desafios que já aceitei - o voluntariado

 

desde cedo a minha educação, valores transmitidos pelos meus pais me fizeram compreender a importância do dar aos outros, sem nada esperar em troca - para mim continua a ser essa a gênese do voluntariado.

 

e sou sincera - fico sempre a pensar que ganho eu muito mais do que aqueles a quem dou alguma coisa 

 

Fiz voluntariado por diversas vezes e diferentes tipos - desde apanhar lixo na praia, recolher e distribuir alimentos, brinquedos, fazer sopa e ir visitar uma jovem com problemas psiquicos e que não tinha mais ninguém com quem falar... mais recentemente disponibilizar-me para participar em vários encontros de pais com crianças portadoras de PHDA e partilhar com elas a minha experiência, dar-lhes conselhos ou simplesmente ouvi-los. De todos os que faço, a minha entrega é total e sinto que dou o meu melhor. Mas uns marcam mais do que outros. E de todos, uma festa organizada em 97 pelo grupo de voluntariado do qual eu fazia parte na altura, para comemorar o Natal dos mais desfavorecidos foi um dos que me ficou no coração

 

pela tremenda emoção de ver aqueles rostos fechados, abrirem-se aos poucos, numa maior e cada vez mais confiante esperança, ver que naquela noite com algumas palavras, consegui mudar alguma coisa na vida daquelas pessoas (algumas contacto até hoje) e olhar para o outro lado da vida!

 

deixar aos meus filhos esse sentido de altruísmo e fazê-los entender a responsabilidade cívica do voluntário é para mim uma questão de coerência

 

o sapito às vezes inspira-nos! 

 


 

29.Mar.11

hora crítica

 

 

um apontamento inicial para agradecer as mensagens de carinho deixadas pelas seguidoras do blog à minha avó que fez aninhos. As 90 primaveras têem sido saudáveis por agora e portanto contamos que esteja entre nós mais alguns anos. Um beijinho a todas vós!

 

e agora o post da tal hora crítica - pois é...talvez exista uma em cada casa...aqui a hora crítica é de madrugada

 

digamos entre as 3h e as 4h/4h30...ou seja uma hora muito apropriada para um momento de energia-a-mais!

 

Já o mencionei diversas vezes, o Rafa sempre teve muita dificuldade em dormir. Mesmo quando «pega» no sono, parece ter sempre uma mola solta que o faz mexer-se constantemente, mover pernas e braços e muitas das vezes, levantar-se mesmo. Não chega a ser sonâmbulo, naquele sentido de o ver de braços esticados e caminhando pela casa...normalmente levanta-se de repelão diz duas ou três palavras sem sentido e volta a deitar-se em agitação contínua.

Como sempre foi assim, posso dizer que já me acostumei há cerca de 10 anos, a ter noites bem mexidas...aliás, desde que o Rafa nasceu, a única noite em que dormi seguido foi na noite que passei no hospital após o nascimento do Quico! e já lá vão mais de 4 anitos...

 

bem, acho que o nosso ritmo é de tal ordem aceite pelo meu organismo que nem me lembro desse facto como algo «anormal»...mas por acaso a noite passada dei comigo a pensar que realmente muita coisa pode acontecer na hora crítica...

 

Por volta das 3h o mais tardar até às 4h, o Rafa acorda sempre - mesmo fazendo medicação. Embora não o esteja sempre a repetir por cá, a minha saga continua - ele levanta-se e vem ter à minha cama, eu levanto-me e meto-o na dele, fico por la 20 a 30 minutos, depois ele ainda se pode levantar mais uma ou duas vezes mas a minha insistência acaba por vencê-lo e termina as últimas duas horas da manhã, novamente na cama dele até ao levantar, por volta das 7h. Nem sempre no entanto a coisa corre certinha, há as (muitas) noites em que temos de nos bater, eu tentando fazer o menos barulho possível. Cenas quase surreais em que o empurro para dentro dos lençois e ele faz valer o seu peso para me dificultar a tarefa...quedas, encontrões, puxões e muita roupa pelo chão...

 

Mas não é so o Rafa que acorda e se levanta - muitas vezes o Quico também aproveita a hora crítica. Como percebe que ando com o mano dentro e fora da minha cama, ele faz de tudo para que o leve a ele também. Portanto acabo por ter de me «repartir» entre os dois...claro que o Quico acaba por ser mais fácil, até porque não me parece que tenha tantas difculdades para adormecer. Basta que me mantenha firme e ele nem se atreve a sair da cama dele. Outras vezes faz algumas birrinhas e choraminga «não quero fechar os olhinhos, fica muito escuro...» e quando o irmão resolve encetar conversa, tipo «devias ser como os peixes Quico, os peixinhos não fecham os olhos e dormem à mesma...» e depois o relato passa por vários animas, programas de tv onde se podem assistir a coisas da vida selvagem e depois outros programas e depois lembranças das férias e por aí fora... tento cortar o mais rápido que posso, caso contrário a hora crítica alonga-se pela madrugada dentro!

 

E depois há a bisa! que por norma se recolhe ao seu quarto por volta das 9h. Passado pouco tempo já a sua respiração mostra que se deixou levar pelo sono mas que invariavelmente na hora crítica se costuma juntar ao «motim». Quase sempre com grandes manifestações ruidosas, julgo eu que para dar a saber como «dorme pouco...e que passa as noites acordada». Dela podemos ouvir uma série de resmungos e uma especie de tosse que nunca se deixa ouvir noutra altura do dia...há ainda o arrastar de pés até à casa de banho e muito pigarrear à mistura...

 

 

e como tudo pode mesmo acontecer, na última hora crítica estive precisamente a fazer de novo a cama do Rafa, depois de ele me ter chegado às 3h16 ao quarto dizendo «mãe, não tenho roupa na cama...só o colchão!» e de facto, deparei-me com toda a roupa de cama espalhada pelo quarto, mais parecendo que o rapaz terá andado em luta física com o tal do sono, que tantas vezes ele consegue vencer!

 

 

21.Mar.11

o Pai e a Lua

 

 

dois dos acontecimentos mais marcantes do nosso fim de semana!

 

Sexta feira de euforia com o papá a ir buscar os miúdos mais cedo à escola. Muito entusiasmados, um e outro nem esperaram para a data tradicional em homenagem ao Pai e vai de lhe entregarem os presentinhos feitos na escola. Curiosamente trouxeram lembranças semelhantes, o Quico um embrulho em forma de gravata a esconder um bonito porta chaves decorado por ele, o Rafa um embrulho em formato de camisa tambem com um porta chaves lá dentro! 

Alegremente fizeram as ofertas e o Quico ainda «declamou» um poema que nos pôs em lágrimas...de tanto rir {#emotions_dlg.lol}

 

A noite é que não foi nada calma e o que poderia ser um raro serão a quatro, acabou por se transformar num rodopio de miúdos e graúdos, cada qual tentando levar a água ao seu moinho...

O Rafa tem sempre crises de ciúme exageradas, reacções que não aprovamos e que sempre tentamos modificar. Por enquanto continuamos sem grandes resultados, o que nos deixa com uma sensação de impotência...fico desolada por não conseguir (ainda) transmitir ao Rafa que o espaço e o tempo dele são intocáveis mas que o Quico também os tem...e que esse espaço e tempo dos dois, deve ser partilhado pelos dois, tal como nós o partilhamos. Difícil manter o Rafa controlado principalmente quando o Pai está! As lutas e ofensas ao irmão foram insuportaveis, o pai já puxava os cabelos sem conseguir manter as coisas sob controlo e eu desesperei reprimindo o meu ímpeto de desatar a bater no Rafa...

 

Acabamos por nos «socorrer» do facto do Quico adorar ir dormir  a casa dos avós e destes manterem a oferta, apesar de ser norma quando o pai está em casa numa sexta, saltar a noite dos avós para que eles também descontraiam da rotina...

 

Mesmo sabendo que o Quico estava lindamente e que disfrutou daquele tempinho a sós com os meus pais, eu não consegui evitar um certo sentimento de tristeza e impus um castigo de retaliação (cujos efeitos foram apenas momentâneos) para que o Rafa se apercebesse de que os pais ficaram bastante desiludidos com a sua atitude - como ele tinha ganho o direito a uma oferta por conseguir cumprir certo acordo comigo, retirei-lhe essa oferta. Claro que tivemos de suportar mais umas quantas investidas e mais uns quantos gritos e mais umas quantas horas de tensão...portanto, não, não foi uma boa noite de sexta feira....

 

Sábado nem tempo tive para «ressacar» pois de manhã estive ao serviço. Meio dia fora de casa deu para repôr energias lol! Cheguei bem mais descontraída para enfrentar as usuais tarefas caseiras mais a birrice normal da criançada. Felizmente o tempo primaveril permitiu que este Dia do Pai fosse um dia de alivio para a Mãe! com os miúdos frenéticos por ar livre, o Pai lá se aventurou numa saída até ao parque e assim consegui fazer as minhas comprinhas, organizar a minha vidinha doméstica e fazer um lanchinho semi-surpresa para os Pais da minha Vida! o meu, claro, e o Pai dos meu filhos!

 


 

Depois sim, posso dizer que me senti satisfeita e feliz ao ver a carita dos miúdos quando abriram a porta e deram com a mesa posta e com o cheirinho das coisas que gostam. Fizeram-se brindes e cantaram-se cantilenas, os rapazes mais pequenos fizeram as suas diabruras habituais com muita ginástica pelo meio e terminamos o dia com mais uns miminhos de oferta aos rapazes mais crescidos!

 

A noite acabou em magia com uma vista deslumbrante da Lua mais bela de que me lembro! Lua que exerceu um verdadeiro fascinio nos meus meninos, cada um tecendo as suas considerações pessoais sobre o luar, as crateras, a bandeira americana e uma especie de Gormitis que segundo o Quico vivem de certeza na Lua....

 


 

O Pai teve de ir embora nessa noite mas antes recebeu uma beijoca doce e uma abraço bem apertadinho com uma frase de despedida gritada já da janela

 

«Papá, gostamos de ti!!!  tanto como daqui até à Lua!»

 

 


18.Mar.11

caoticamente felizes

 

 

assim andam as minhas crianças depois de um (bom) imprevisto ter feito com que o papá viesse a casa para estes dias de final de semana

 

 

Logo que viram o pai entraram na espiral do costume

 

 

é um crescendo de emoções que não conseguem dominar, prncipalmente o Rafa, fica completamente desatinado...o Quico vai atrás, claro!!!

 

O pai não pode queixar-se de sedentarismo quando está em casa - tudo é movimento, todos os pretextos são bons para se porem a mexer {#emotions_dlg.lol}

 

Prevejo uns dias de pura animação e muito entusiasmo até porque o Dia do Pai vai ser festejado desta vez com «corpo» presente!!!

 

 

 

 

 

16.Mar.11

crescimento

 

 

entre eles

 

Quico «ò mano, tu és médio ou gigante?»

 

Rafa «sou gigante!»

 

Quico «e eu sou médio ou gigante?»

 

Rafa «tu ainda és pequeno...»

 

Quico «não sou pequeno, vou crescer...vou ser do tamanho do papá!»

 

Rafa «sabes que temos dores de crescer? às vezes tenho porque estou a crescer...»

 

Quico « e doi? não doi nada...o papá não disse, o papá é gigante...»

 

Rafa «mas o papá pode ter tido dores, não sabes...»

 

Quico «não teve, o papá já nasceu crescido...»

 

Depois da conversa quiseram que eu os medisse para verem como eram gigantes {#emotions_dlg.lol}

 

 

 

14.Mar.11

os Homens da Luta

 

opá eu sei...posso ser acusada de plágio e tudo

 

mas não resisto! é que se há quem mereça este título, os meus filhos sem dúvida serão os mais indicados!

 

e porquê? porque luta a sério, luta de corpo e alma (talvez mais corpo do que alma é certo!) só mesmo os meus Homens! e não pensem que não levam a coisa a peito...eles não só se entusiasmam a eles próprios, como fazem «movimentar» todas as gerações cá de casa!

 

aliás - se isso de apelarem a todas as gerações é moda, então os meus rapazes são uma especie de «must» - eles conseguiram mobilizar a geração dos pais, avós e bisavós! querem melhor do que isto?

 

Foi um domingo de loucos como por vezes se vive cá em casa. Nunca se tem um minuto de apatia, não se pode dizer que haja comodismo, portanto! na melhor das hipóteses estive duas vezes sentada durante o dia ( e por sinal das duas vezes só o fiz porque era absolutamente imprescindível ao que tinha de fazer...)

As lutas deles foram sempre acesas, até mesmo quando para que libertassem um pouco dessa transbordante energia os levamos à rua...E posso garantir que fizeram ouvir as suas vozes (se bem que eram mais gritos...) bem alto sem precisarem da ajuda de um megafone!

 

estou mesmo a cair para o lado, confesso...na verdade já nem as teclas consigo ver!

 

mas para que conste os Homens da Luta caseira fizeram algo que me deixou maravilhada! eles uniram as gerações no verdadeiro sentido da palavra! e digo «uniram» sem duplo sentido....tivemos de unir mãos para os impedir de se trucidarem um ao outro {#emotions_dlg.sarcastic}

 

 

 

 

11.Mar.11

«Mãe nós estamos à rasca??»

 

O Rafa tem trazido como tpc de fim de semana, escrever um texto a comentar uma notícia da actualidade - cada menino faz a sua escolha e durante a semana, vai-se discutindo os temas. Acho interessante pois incentiva os miúdos a prestarem mais atenção ao mundo que os rodeia, melhora a sua compreensão oral e escrita e permite discussões novas a cada nova notícia.

 

Ora, esta semana alguém da escola do Rafa falou na manif da geração «à rasca», de como se convocam pessoas pelo facebook e de que actualmente toda a gente anda à rasca com qualquer coisa...coisa essa que o Rafa não entendeu muito bem o que seria...

 

Assim sendo o meu filhote veio com a sacramental pergunta «mas ó mãe a gente anda à rasca também?»

 

 confesso que tive de fazer um grande exercício mental para lhe responder...e saiu isto «bem, quer dizer à rasca, é um expressão muito triste filho! estar à rasca pode não significar grande coisa...olha é assim - as pessoas dizem isso para mostrarem que não têm o que querem e porque queriam ter mais e não conseguem, por exemplo terem mais dinheiro ou melhor emprego...entendes? mas na verdade, só não têm porque se calhar não se esforçam o suficiente, certo? como tu, quando não fazes os tpc e ficas à rasca com medo da reacção da prof...mas se te esforçares e tiveres feito os tpc, estás à vontade, não à rasca...» ora o Rafa pensou um segundo e disse «bem, nós não estamos à rasca então, porque o papá e tu fazem muito esforço não é?»

 

E a nossa conversa terminou ali...até porque ele entretanto já estava «noutra»! Mas eu fiquei a remoer naquilo...e pensei que se um dia o Rafa viesse a ler este blog, até gostava que ele percebesse porque é que sou contra a tal manifestação...

 

Ora então, eu vivi naquilo a que a célebre frase de um então ministro de Cavaco Silva, o mesmo que já foi primeiro ministro e agora é presidente (esquecendo certamente que já impôs aos jovens de ontem um rótulo que os persegue até hoje, apelando aos jovens de agora para que não se conformem) designou por geração rasca. Eu que tenho boa memória, ao contrário do que parece ser comum a outras pessoas, lembro-me muito bem do meu período de estudante, marcado por esse repto do tal ministro.

Lembro-me das salas de aula lotadas, do estado miseravel dos equipamentos, do facto de ter aulas aos sábados, mesmo tendo uma carga horária semanal sem descanso, do método enfadonho como eram dadas as matérias. Lembro-me de que tinha professores (a maioria) que nem se incomodavam a fazer o que era suposto fazerem - dar aulas...e passavam o tempo a ler revistas da moda enquanto faziamos os exercícios, copiando as soluções e levando cábulas para os testes...ou pior, vinham para as salas de aula curtir bebedeiras e dormir até ao tocar da campainha, creio eu porque como não havia avaliação nos moldes que hoje se pensou, isso os tornava imunes e continuavam alegremente a sua «progressão» na carreira, objctivo único a que se agarravam...

Lembro-me das famosas (ou talvez não) PGA as provas que supostamente eram sobre cultura mas que para mim não passaram de uma aberração, do facto de chegar ao 12º ano sem saber o que seguir porque não havia orientação vocacional e porque do modo como estruturavam as áreas, não podiamos ter grandes opções...Lembro-me de ter um 18,2% como média final e não ter acesso a uma Universidade pública, porque naquele tempo, quem não tivesse uma «bruta» cunha não entrava no ensino oficial...aliás, logo de início lembro-me das turmas serem feitas de acordo com a lógica da separação de classes - de um lado os que eram filhos de pais assalariados, sindicalistas ou membros das associações de pais, do outro, os filhos do senhores da política, dos membros da burguesia endinheirada e dos novos ricos que nessa altura muito souberam aproveitar os fundos do governo, dados a troco da côr política...

Fazer um curso deixava muita coisa em aberto mas...depois descobria-se que as portas se fechavam. Porque naquele tempo, estágios eram uma miragem ao alcance apenas de alguns priviligiados...e empregos a sério, só mesmo para quem podia pedir ao papá!

 

Eu, filha da geração rasca, nunca me conformei. Fiz um curso de marketing, fui pedir um estágio a uma multinacional, fui para espanha (onde aprendi que doutores só os medicos) fiz uma licenciatura em publicidade, cursei psicologia, trabalhei como diretora de marketing de uma empresa informática, abracei a área da psicologia infantil, fui estudando conforme os meus interesses, aplicando os meus conhecimentos, escolhendo as minhas batalhas, definindo as minhas prioridades e nunca me senti «à rasca» com nada!

 

Ao longo do tempo, muita coisa mudou, é verdade! mas os jovens de hoje não se podem queixar a não ser da sua própria inércia! sou dura? talvez...mas digam se acham que faz sentido que esses jovens que se julgam no direito de se manifestarem porque vivem «à rasca», aguentem horas, dias até, numa fila ao relento para conseguirem um bilhete que lhes dê acesso a um concerto de qualquer banda da sua preferência, tenham dinheiro para encherem as discotecas da moda e gozarem viagens de finalistas em grande estilo mas não tenham nem metade do afinco para meterem mãos e pés a caminho na procura de um emprego?  reclamam porque querem ensino de qualidade mas nem sabem aproveitar os recursos ao seu dispôr? eu para fazer a minha tese de mestrado, passei horas na biblioteca municipal onde podia consultar manuais e ter acesso a pc...actualmente eles têem pc's com net a partir da pré escola... o meu filho mais novo que anda no ensino oficial, pré escola de uma cidade pequena, tem uma sala equipada com um quadro de nova tecnologia, interactivo, já tem como actividades extra o inglês e as ciências, a música, a dança e a ginástica! ao mais velho são-lhe passadas noções cívicas sobre preservação do meio ambiente, proporcionadas actividades adequadas aos seus gostos e idades e incentiva-se o empreendorismo e inovação (o concurso shoe parede foi uma prova disso mesmo). Assim se constroi o futuro, apostando na educação. E fazia bem ao povo português aderir à cultura do elogio - reconhecer o que está bem e melhorar o que deve ser melhorado. Saber dar valor ao que se tem, coisa que eu aprendi a fazer, talvez porque sempre tenha tido de lutar e nunca nada me foi dado de bandeja...e do mote para a tal manif? não posso estar mais em desacordo - não conformismo não é ir à rua gritar por um par de horas que «isto vai tudo mal» e depois esquecer isso tudo para se sentar à frente de um plasma a assistir a uma série de um canal pago numa tv por cabo (sim porque podem andar à rasca mas nem pensar em abdicar de um belo plasma...nem que tenha de ser pago a prestações com o dinheiro do subsídio de desemprego...). Não ficar conformado com a situação do país e da vida em particular é agir, é acreditar que cada acção pessoal faz a diferença num todo. Não ficar conformado é saber aproveitar as oportunidades, tirar partido do que temos de melhor.

Querem um exemplo? quando recebi o diagnóstico de PHDA do Rafa, não me conformei. Não me conformei com a falta de respostas, com as poucas ajudas que me deram, com as soluções que não faziam sentido. Não me conformei e reorganizei a minha vida. Contornei obstáculos e tomei iniciativas. Criar um espaço dedicado a estas crianças e suas famílias, mobilizar vontades, mostrar que muita coisa pode ser feita. Não foram coisas de dias, tudo leva o seu tempo mas nunca me conformei e o resultado - vou abrir em breve, um espaço que espero venha a ser uma mais valia. Um espaço pensado por quem passou no concreto pelos problemas e os sabe enfrentar, um espaço de partilha e apoio. Um nucleo da associação portuguesa da criança hiperativa a funcionar a partir do norte, coisa de que não se julgaria ser possível se optassemos todos pelo conformismo!

Como também não me conformei com o facto de ter sido despedida porque uma criança hiperactiva é tão exigente e imprevisivel que uma mãe não consegue conciliar carreira e família e não descansei enquanto não voltei ao mercado de trabalho, agora com muito mais «pulso» com muito mais organização e com a certeza de que é possível, basta agir! 

 

Portanto e para finalizar que isto vai longo...quero que o Rafa e o Quico saibam que para a mãe ficar «à rasca» é preciso muito mais que uma crise! e embora ainda pouco tenha feito, tudo o que faço é para que um dia mais tarde eles saibam dar valor e ficarem gratos, respeitarem e exigirem respeito, para contribuir com o meu pouco para um muito que deve ser de todos, para um país melhor, para uma geração que não se deixe (en)rascar! 

 

 

 

 

 

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