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Energia a Mais

A Hiperactividade vista à lupa

Energia a Mais

A Hiperactividade vista à lupa

31.Out.12

a energia do halloween

 

Há muitas festas mais típicas no nosso país do que esta mas os meus miúdos adoptaram a «noite das bruxas» como uma das suas preferidas e eu entro no jogo

 

 

imagem tirada da net

 

 

ainda me lembro de quando o Rafa me obrigava a percorrer os apartamentos vizinhos, gritando «doces ou travessuras» perante os olhares desconfiados dos moradores da zona {#emotions_dlg.lol} ultimamente temos feito festa dentro de portas, pois por cá, embora nas escolas seja uma data celebrada não existe a tradição de sair à noite com fatiotas mais ou menos terríficas e pregar sustos a quem recusa as doçuras

 

No entanto asseguro-vos que nos divertimos à brava, usamos vassouras para nos deslocar-mos pela casa e deixamos aranhas, morcegos, abóboras luminosas, esqueletos assustadores invadirem o nosso espaço e fazerem parte da celebração. Nunca faltam gomas, bolos e pipocas, filmes aterrorizadores e chocolate quente para finalizar a noite!

 

estamos portanto preparados e como diz o Quico

 

«vamos pregar medo ao susto!»



P.S. já agora, para os adultos, deixo uma sugestão para uma noite realmente horrível - revejam o OE para 2013 e todos os impostos a mais, todos os cortes e todos os pesadelos a que Gaspar nos sujeita, será certamente uma noite de halloween inesquecível {#emotions_dlg.skull}

29.Out.12

Quando é na nossa pele

 

 

a coisa muda logo de figura...ou por outras palavras, só quando nos toca percebemos o que realmente pensamos

 

 

Aqui na zona muita gente que me conhece sabe, naturalmente da minha (não) situação profissional. Muitos sabem que estou a receber subsídio de desemprego pois estive a trabalhar num local público e portanto muita gente notou o meu desemprego. Obviamente muitos, cedendo ao típico e predileto passatempo nacional de falarem da vida dos outros, ja teceram um ou mais comentários...

Isso nem sequer me aborrece. A minha vida a mim e aos meus, diz respeito, os que estão de fora podem alvitrar o que quiserem e bem entenderem. Mas claro que quando falam diretamente comigo sobre o assunto não me coibo de mostrar o que penso sobre a actual situação de trabalhadora/inserida - desempregada, sem direitos mas com todos os deveres a que me obriga o IEFP para me dar aquilo que por direito tenho a receber - o tal subsídio, ao qual para ter acesso, bastaria em princípio cumprir os requisitos de ter trabalhado e feito os respectivos descontos. 

 

Pois que para muitos, estou a ser mal agradecida. Deveria dar-me por contente por ter sido «inserida». Ao que parece, a maioria concorda que «inserir» sem remuneração uma pessoa só porque ela tem direito ao subsídio de desemprego, é uma ideia maravilhosa do governo para evitar «chulices» dos desempregados ao estado. Já o facto de o estado ter de continuar a pagar o subsídio, mantendo a pessoa desempregada, quando afinal até havia emprego numa instituição, continua a ser um assunto que não interessa aprofundar. Porque na cabecinha da maioria o que é bom é que assim os desempregados não estão em casa, sem fazer nada, a receber o subsídio. Claro que o tipo de trabalho que o mandem fazer, também não interessa a ninguém. Se está ou não preparado, se tem ou não conhecimentos, se deixa de dispor do seu tempo (inclusive para procurar trabalho, pois que a isso está obrigado), se o que lhe dão é uma inserção a termo certo, sem possibilidade de integração no futuro, isso não são motivos de interesse para as tais cabecinhas.

 

Acontece que uma dessas «cabecinhas» que via muitas vantagens nos tais programas do IEFP ficou desempregada. Após anos a trabalhar como administrativa, a cabecinha foi agora «inserida» numa escola. A cabecinha anda agora a limpar vidros e chão, casas de banho e tudo o que faz parte do serviço de uma assistente operacional. Mesmo continuando desempregada, tem de fazer o mesmo que as funcionárias pagas, no horário que foi estipulado, por acaso dificultando a recolha do filho que tem numa outra escola e para o qual tem agora de se socorrer de um ATL (como administrativa trabalhava das 09h00 às 17h30, agora está até às 18h30)

De repente, numa conversa que tivemos num encontro casual no supermercado, percebi que a cabecinha está agora revoltada. Afinal já não vê utilidade alguma nos programas de inserção. E não consegue andar motivada sabendo que nem emprego tem, apesar de estar «obrigada a trabalhar» para não perder o mísero subsídio de 419,22 aos quais ainda terá de descontar os 6% para um dia poder ter reforma {#emotions_dlg.lol} do tempo em que está sem trabalho...estes gajos do governo são uns peritos em ironia!

 

depois da conversa, ainda vim a matutar na tal ideia «engraçado, como tudo muda de figura quando a coisa é pessoal» mas sinceramente, espero que ela consiga ganhar alento, até porque estou a sentir na pele o que é ir todos os dias para um local de trabalho sem qualquer tipo de motivação e sem aquela sensação de recompensa que sentem os que são pagos pelo empenho e tempo que dispendem no serviço que fazem...

 

 

25.Out.12

não esquecemos

 

o aniversário da avó! eu é que quase me esquecia de o registar por cá...

 

 

para ti mãe, toda a minha gratidão por continuares agora e sempre a ser um dos pilares da minha vida!

 

  

 

 imagem tirada da net

 

 

como não podia deixar de ser os teus netos mais velhos fizeram questão de te oferecer uma das mais ruidosas e agitadas festas de sempre, onde não faltou um pouco de tudo, desde a alegria contagiante do Quico, à mais inovadora forma de o Rafa te acender as velas e sobretudo a confusão da tradicional canção que eles insistem em «adulterar» com frases e entoações diferentes a cada aniversário que passa!

 

Mas o que importa mesmo é que apesar de tudo o que já passamos neste último ano, continuamos por cá juntos, contigo sempre a mostrar que a força vem de dentro!

 

PARABÉNS!!

 

23.Out.12

dou a mão à palmatória

 

 

ando mesmo cansada {#emotions_dlg.tired}...tanto que neste domingo, consegui a proeza de me levantar o mais tarde que me lembro, desde que nasceu o Rafa...

 

 

09h30 pasme-se!!! apesar de ter feito uma certa «chantagem» para que tal acontecesse...Subornei o Rafa com a permissão de ir para o PC às 08h00 e deixei o Quico deitar-se comigo, comer na cama e ver o Panda

 

 

aleluia! 

 

bem agora só peço que a energia volte depressa.....{#emotions_dlg.sarcastic} é que o Rafa já anda em testes e o Quico tem de certeza pilhas XXXL que carregam automaticamente todas as manhãs

 

 

 

18.Out.12

déficit ou excesso?

 

 

nem sei o que pensar...será o deficit dos meus rapazes a causa dos «problemas» na escola ou será o excesso de «zelo» dos professores o verdadeiro motivo de tanto recado?

 

Já aqui falei de como está a ser penoso este ano letivo. Não há um dia em que não cheguem queixas da escola, ora de um, ora de outro, frequentemente dos dois...já deixei de contabilizar os recados do Rafa e as tabelas do comportamento do Quico andam a vermelho mais vezes que o desejável. E o dia de ontem então fica para o registo «oficial».

 

Os dois estiveram na «mira» dos professores e o resultado foi catastrófico - o Rafa trouxe um dos recados mais duros de sempre (que me faz responder através da mesma via) e o Quico trouxe vários itens a vermelho, o item do comportamento a preto (cor que a professora dizia no início do ano ser quase impossível algum menino vir a ter) e recado escrito para explicar as razões de tal avaliação....

 

Ora confesso que me sinto angustiada, desmotivada e sobretudo preocupada com o futuro. Mas também tenho algum sentido crítico sobre os «tais motivos» e admito que por vezes os acho um «exagero». Eu andei na escola, fiz todos os ciclos escolares até à licenciatura. Não fui das mais irrequietas é verdade mas tive vários colegas que o eram. No entanto não havia tanto dramatismo assim quado alguém se virava para trás ou falava para o do lado. Também não me lembro de nenhum professor que tivesse aconselhado os pais a levaram um miúdo ao psicólogo porque este corria demais, nos intervalos fazia pinos ou era agitado na cadeira....

A professora do Quico diz que ele é imaturo, demasiado brincalhão e não dá importância à escola. Justifica a tal bola «preta» com o facto de ele ter passado o dia a fazer palhaçadas, não ter feito os trabalhos e apesar de o ter chamado à atenção ele ter continuado a ignorá-la. Eu sei que dentro de uma sala de aula é suposto as crianças colaborarem mas será que num primeiro ano, ainda no primeiro período, miúdos que acabaram de sair de uma pré, mesmo que já tenham feito 6 anos, terão maturidade suficiente para o entenderem? e mesmo que alguns o tenham, será que todos se desenvolvem ao mesmo tempo? todos revelam a mesma maturidade?! Se eu, em casa, apesar de muito esforço e de ter de o fazer usando certas estratégias (como ter o mínimo de estímulos à volta, falar com calma, levá-lo a fazer por ele, dar-lhe os parabéns efusivamente quando o atinge o objetivo) consigo que faça os trabalhos, não terei legitimidade para questionar porque é que na escola ele não os faz? ok, a professora tem muitos alunos...mas tem preparação para isso, certo? 

 

Quanto ao Rafa, mandarem recados porque ele se vira para trás???? apetece perguntar - e então????? será que todos temos a mesma atenção durante todo o tempo de uma tarefa? nunca viram a pessoa com quem conversam, olhar para o lado durante a conversa?  nesse caso existe muita gente com déficit de atenção! depois, dizer que ele «não sabe estar numa sala de aula», que os seus trabalhos de EV/ET revelam pouco empenho, significa o quê? um miúdo com PHDA tem dificuldades em trabalhos que impliquem maior concentração e destreza manual. Isso não revela pouco empenho, revela antes de mais uma necessidade específica decorrente de uma perturbação que lhe afecta comportamento, atitudes e capacidades. Mas que se pode colmatar e trabalhar de modo distinto que lhe permitam ultrapassar obstáculos. Não saber estar numa aula é faltar ao respeito, não é no meu entender levantar-se da cadeira para afiar os lápis ...ou olhar para o lado, rir para o colega e comentar uma imagem que estava a ser tratada na aula - aliás o Rafa nunca teve confrontos na sala, até porque a medicação o faz ter mais controlo, os recados são sempre pelo facto de ele se distrair facilmente ou elevar a voz na conversa com os colegas...coisa que os professores deviam saber orientar, pois são caraterísticas da patologia dele.

 

Por causa deste desgaste constante é difícil manter-me animada. Sobretudo porque acabo por ter de passar muito mais tempo com eles para que façam algum trabalho em casa. E isso é outra luta... Para além de estar sozinha e ter de dividir o apoio pelos dois, sendo que alguns dos conhecimentos a aplicar exigem já um puxar pela memória (e isso porque os estudei de facto, coisa que para muitos pais se torna ainda mais complicado) tenho todo o trabalho doméstico a meu cargo e obviamente tenho de fazer jantar, dar banhos e manter a casa a funcionar - para dar um exemplo, estive ontem duas horas com o Rafa para que acabasse os trabalhos em falta (8 exercícios de matemática todos com várias alíneas) e conseguisse fazer um trabalho de português de três páginas de exercícios o que para uma criança com PHDA é um autêntico massacre. E uma hora com o Quico para que emendasse o trabalhos das fichas da escola mais o trabalho marcado para casa... ou seja entre as 20h00 e as 23h00 não fizemos mais nada...numa fase em que eles precisavam de acalmar, ter tempo para conversar, ter a minha atenção, para se deitarem a horas aceitáveis, estivemos a barafustar porque um não se calava enquanto o outro estava comigo, ou a ter de deixar um no PC para haver mais sossego! isso não será motivo para um recado aos professores?

 

APOIEM OS ALUNOS NA ESCOLA - REDUZAM OS TPC!

 

16.Out.12

Hoje - dia da alimentação

 

 

saudável! porque temos de comer todos os dias «pois é mamã?» {#emotions_dlg.lol} (quer o Quico dizer que para ele todos os dias são dias de alimentação - felizmente, digo eu!)

 

alertada pelos miúdos que tiveram hoje atividades ligadas ao dia mundial da alimentação, decidi parar para pensar mais sobre isto de ter uma alimentação saudável. Ora, ainda há poucos dias comentava por aqui O que é o Jantar?  (clique em cima do link) que em casa, tento dar uma alimentação o mais variada possível, quer em confeção, quer em ingredientes usados, para que os miudos possam adaptar-se a diferentes paladares, no entanto, existem coisas que eles não comem quando lhas apresento, sem que para mim isso seja um drama - não obrigo a comer, também não recompenso com comida, tão pouco faço segundos pratos ou deixo «substituir» o que não querem. Até porque, muitas e muitas vezes, ao repetir o mesmo prato eles acabam por experimentar, quase sempre acabam por gostar e a coisa resolve-se.

Confesso que não gosto de tudo e não preparo certas coisas em casa - tais como miudezas, línguas de vaca e coisas assim. Fritos também só as batatas uma vez por semana, de resto só mesmo em ocasiões especiais recorro aos «salgadinhos». A maioria das receitas podem ser adaptadas para uma confeção mais saudável e eu opto por fazê-lo. Douradinhos só de vez em quando e no forno, a minha lasanha leva bechamel caseiro e de leite magro, as carnes são brancas e de aves, pizzas só as de casa, etc. Por outro lado sou exigente com os paladares e com o que comemos. Talvez por isso os meus filhos estejam acostumados a ser críticos com a comida fora de casa, ou seja na cantina da escola. Não dizem mal por dizer, argumentam com o tipo, quantidade e confeção da dita. Ora eu acho que na maior parte das vezes têm razão. O Rafa, por exemplo, come de tudo em casa sem refilar. A sua satisfação é devorar o que está no prato e quase nunca diz - não gosto...Já na cantina reclama das sopas, da quantidade servida e do puré.  O Quico ainda está na fase de descoberta de sabores. Em casa experimenta de tudo sem problemas, na escola não se sente feliz com o prato de paixe cozido com batata cozida (cá para mim, há maneiras bem mais apelativas de dar peixe a uma criança) mas come sem refilar o peixe em papel de alumínio com ervas aromáticas ou assado no forno com limão e pouco mais que tantas vezes fazemos cá em casa. Dos legumes nehum se queixa, estão mais que habituados a saladas e só reclamam da pouca variedade que encontram na mesa da cantina escolar.

E se eu que passei mais de dez anos da minha vida a pesar o que comia e a contar cada caloria, achando que engordar mais um grama seria uma tragédia e controlando ao máximo qualquer ingestão de alimentos, olho agora para a comida com alguma «tranquilidade», pelo menos sem a repugnância que olhava antes, isso deve-se principalmente à tática usada para me «obrigar» a sair de uma anorexia que me acompanhou até ao nascimento do Rafa. - cozinhar! por isso, sempre que posso, cozinho com os miúdos, peço que me ajudem em pequenas tarefas - o Quico adora, o Rafa com as suas características especiais nem sempre se envolve - mas penso que isso contribui para que gostem da comida e tenham consciência do que comem.

 

E pronto, resta-me partilhar um pensamento que me acompanhou o dia «em Portugal existem cada vez menos problemas de obesidade» e porquê? ora bem, porque não há dinheiro para comer, corta-se nas carnes, peixe, sobretudo nas quantidades...mais uns anos e podemos dar graças ao Gaspar por nos dar um orçamento tão saudável para a nossa «linha» {#emotions_dlg.lol}

 

 

16.Out.12

coisas sérias

 

que me fazem rir

 

eu sei, não devia rir de coisas sérias mas a verdade é que não andamos em época de brincadeiras, portanto ou me rio de coisas como estas, ou não tenho mesmo motivos para rir...chamem-me parva, pronto!

 

perto de minha casa, existe um Pingo Doce e como em quase todas as portas desse tipo de estabelecimento, existem aqueles que recorrem à esmola, a caridade alheia. Entre os habituais destaco um homem dos seus 65 (mas com ar de mais idade) e uma romena de uns 30...Conheço o homem vai para mais de 4 anos quando a par da moedita que lhe dava, lhe comecei a dar dois dedos de conversa. Ele é dos que gosta de conversar, é viúvo, a parca reforma não chega para as despesas, o físico e a doença não lhe permitem fazer já os biscates com que fintava antes o final do mês...A ela não conheço a não ser o que de costume já ouvimos dizer - que é romena e basta...(triste)

O que me faz rir nisto é a disputa que os dois travam na tentativa de serem o mais afáveis e bajuladores possíveis para «roubarem» ao outro a possível moeda. No domingo por exemplo, enquanto ele de olhos em mim me cumprimentava com um aperto de mão, tapava com o corpo dele a visão da moça que para se fazer ouvir gritava um «boa tarde sinhora, bela sinhora, linda» enquanto ele dizia entre dentes «esta está aqui a pedir mas não tem necessidade...mora perto de mim e tem um bom carro à porta de casa». E assistir a essa cena, deu-me vontade de rir....(também pode ser do nervoso)

 

E agora como não sai nada mais de jeito, dou o post por terminado...até porque ainda vou ter de ir para uma das santitas aqui de casa, luvas nas mãos, pronta para «chafurdar» para retirar um carrinho de brincar do Quico que ele jogou lá para dentro, coisa que me fez soltar uma gargalhada, só de pensar na minha triste figurinha...embora seja uma séria!

 

12.Out.12

as provas do «crime»

 

Eis a conversa retirada do histórico do skype, entre o meu filho e um amigo de turma, após a minha insistência para que se inteirasse atempadamente dos TPC ou teríamos «festa» caso viesse novo recado da escola

 

 

 

[20:49:51] João Pinho: sei la
[20:49:56] João Pinho: temos tpcs
[20:50:03] Samuka Neves: mat
[20:50:16] João Pinho: ok o quais sao
[20:50:20] João Pinho: ?
[20:50:31] Samuka Neves: fogo tu nunca aontas??
[20:50:37] João Pinho: no
[20:50:40] Samuka Neves: apontas*
[20:50:44] Samuka Neves: dass
[20:50:46] João Pinho: nao
[20:50:54] João Pinho: diz la mas e
[20:51:56] Samuka Neves: pag 12 cad atividades
[20:52:02] João Pinho: ok
[20:52:08] João Pinho: a 13 tb e?
[20:52:13] Samuka Neves: n
[20:52:18] João Pinho: ok
[21:33:29] Samuka Neves: entao que tas a fazer??
[21:33:57] João Pinho: e o meu irmao que esta no pc
[21:34:06] Samuka Neves: ok

 

aquele intervalo de tempo (20h52 às 21h30) em que não esteve ligado no skype foi o período em que tentou realizar a tal tarefa de matemática...por cá foi dia de feriado municipal - desde a hora de almoço que travamos uma batalha sobre os TPC...durante grande parte do tempo ele garantia que não tinha nada para fazer em casa pois não encontrava nada anotado! Por sorte deixei-o ligar o PC e encontrou este amigo conectado....espero sinceramente que não venha novo recado por falta dos trabalhos de casa, até para o motivar a ter mais responsabilidade pelas suas coisas!

 

08.Out.12

DIÁRIO DE (BONS) RAPAZES

 

Podia começar como um qualquer diário, registo das aventuras dos rapazes desta casa

 

mas ao ritmo que as coisas se sucedem por cá, eu passaria mais horas ao pc do que a fazer as tarefas que me competem...por isso fica o resumo possível a marcar a (r)evolução dos meus filhotes nos últimos tempos

 

do mais novo

 

 

está cada vez mais tagarela, fala pelos «cotovelos» e debita tudo o que pensa. Tanto que na escola tem sido várias vezes chamado pela professora que a mim me vai dizendo «ele trabalha mas NUNCA está calado!». Continua super enérgico e nem as atividades da escola o fazem cansar mais cedo, mesmo com os extras...

As manhãs podem ser bem diferentes consoante o seu humor - ou maravilhosamente cooperante, ora terrívelmente avesso. Continua a querer vestir apenas roupa de verão e recusa-se a acreditar que entramos no outono (bem vistas as coisas o tempo anda meio estranho). Faz do avó o compincha de eleição mas na escola é eleito pelos coleguinhas como o «engraçado» de serviço. Come na cantina mas a partir da hora de almoço, não percebe porque tem de continuar na escola...

Falando da escola, as rotinas dos TPC estão a surtir algum efeito - coisa nova para mim que fico embevecida enquanto ele, língua de fora (ólha a concentração!) se esforça para copiar a letra i das maneiras e formas corretas....claro que de vez em quando, entende que está a ser muito demorado e acaba com o trabalho de uma vez só. Mas sabe que as «bolinhas» que a professora marca no caderninho da tabela da semana, devem ser verdes, ou pelo menos amarelas e que isso depende do trabalho bem feito e do comportamento dentro da sala de aula.

Isso do comportamento precisa ainda de muita afinação. Na primeira semana disse-me a professora que não iria marcar bola vermelha para não o desmotivar. Após dois castigos e alguns «avisos», ao final da segunda semana lá apareceram as primeiras bolinhas de cor vermelha que significa «mau» comportamento. Apesar de ter «verde» na responsabilidade, autonomia, participação e trabalho.  Também os professores das AEC consideram o Quico muito agitado e já ficou de castigo para não perturbar o funcionamento da aula.

 

do mais velho

 

 

 

 

 

dizer que iniciou o ano com mais uma coleção de «recados» escolares - seis na caderneta e mais três nos cadernos é elucidativo. Continua a ser uma dor de cabeça manter o Rafa motivado, concentrado e colaborante. Desde falar durante as aulas, não anotar matéria dada, não anotar (portanto não fazer) os TPC, não levar o material necessário apesar de o ter em casa, enfim, de tudo o que já conheço este vai ser uma ano letivo muito trabalhoso...

As manhãs continuam a ser um pesadelo, fazê-lo sair de casa é tarefa de hércules, a dispersão dele é notória, nota-se no mais básico como continuar a não ser capaz de se orientar sem «empurrões». Para se vestir por exemplo demora tanto, mas tanto tempo que chego a ficar agoniada. Isto porque ele pega numa peça de roupa e é capaz de andar por todas as divisões da casa, de um lado para o outro com ela na mão, sem se chegar a vestir. Demoro mais tempo com ele do que comigo, com o Quico e com a casa em conjunto. 

Por outro lado existe a sua obsessão do momento que está a demorar a passar. E quando digo obsessão, digo-o nesse sentido mesmo. Com o Rafa, um interesse passa a obsessão com facilidade. Sempre foi assim, desde muito pequenino. Recordo que com meses apenas, o Rafa ficou obcecado em conseguir levantar-se sozinho. Fazia-o horas a fio - deixava-se cair para se poder levantar sem ajuda. E de modo obsessivo nada mais o interessava, até conseguir a proeza de forma ágil (na altura o pediatra falava-me de autismo porque nesse gesto rotineiro o Rafa ficava alheado).

Sempre que ganha uma nova obsessão, o rafa esquece as anteriores e tudo o que o rodeia. Foi assim com os dinossauros, com os puzzles, com a play sation, com os pinos e acrobacias físicas, com a bola, com o hóquei e por aí fora, Agora é com o pc. Nem sei como se chama exactamente o jogo mas sei que o joga todos os segundos possíveis. Tanto que nem come, nem se veste, nem nos ouve, nem nos fala...a não ser que sejamos nós a invadir esse seu mundo, muito a custo lá nos grita uns impropérios que nos levam a discussões enormes. Não fosse a minha persistência (e a medicação) acredito que nem iria à escola, sem que para ele isso fosse «anormal».

Como já experimentei tudo - tirá-lo à força, recorrer a argumentação, mostrar-lhe provas de que o PC pode ser um vício letal, deixá-lo ficar sem o chamar para nada (esteve 12 horas) entretanto lancei um ultimato - mais um recado que seja (por falta de TPc ou de mau comportamento) e vou arrancar o PC dele, uma vez que não consigo arrancá-lo a ele do PC.

Vamos ver como se vai sair nesta semana. Pelo menos uma coisa positiva existe no facto de eu estar «colocada» na escola dele, tenho acesso direto aos professores e isso torna mais fácil o chegar à fala com eles. Aliás já estive na semana passada com a professora de inglês que me disse estar a ter muita dificuldade em o controlar na sala de aula, ele passa o tempo a falar com colegas e foi por essa razão que um dos «castigos» foi o ter de fazer 15 vezes a frase «não me vou virar para trás e falar com os meus colegas»

 

Toda esta agitação leva-me a andar exausta e a querer mais do que nunca que seja sempre «sexta-feira»! e logo numa segunda feira ter este espírito não é fácil!

 

 

 

05.Out.12

a República é Mulher

 

 

 

 

 

se dúvidas houvesse de que este seria um 5 de Outubro diferente do habitual, elas seriam desfeitas desde cedo

 

Não foi só e logo porque seria o último a ser comemorado num dia de feriado, nem apenas porque se trocou as voltas ao local onde se costumava celebrar, nem tão pouco porque neste ano nem o presidente quis abrir as portas de Belém...Sabiamos que este iria ser um dia da República diferente porque damos importância ao símbolo, sobretudo se alguém decide matá-lo

 

e porque falamos de símbolo, não se pode ignorar a triste ironia da bandeira ao contrário, ou os «incidentes» de percurso  destas comemorações sem pompa mas com muita circunstância - do discurso da alternativa, à patética saída dos representantes do governo pela porta lateral...

 

mas nada neste 5 de outubro representa melhor o símbolo do que as mulheres que fizeram despertar o país para o verdadeiro significado da república

 

 

A mulher que irrompeu pelo Pátio da Galé enquanto Cavaco Silva discursava na celebração do 5 de Outubro chama-se Luísa Trindade, tem 57 anos, e está «desesperada». Vive com 224 euros mensais e a ajuda do filho.
Ana Maria, cantora lírica, invadiu também o evento e cantou pacificamente enquanto Luísa enfrentava um grupo de seguranças.

 

Cavaco continuou a discursar, numa cena absurda em que muitos dos convidados viravam a cabeça para trás para ouvirem um «Ninguém me ouve, ninguém me acode porquê?» Um desespero que a fez invadir o local dos discursos

 «Não se envergonham de olhar para a minha miséria?» perguntava Luísa.

 

Já a cantora lírica Ana Maria, cantou com voz firme e serena o tema Firmeza, de Fernando Lopes Graça. Uma escolha plena de simbolismo.

«As pessoas estão a sofrer, eu sou uma delas. Eu ainda vou tendo emprego. Penso que era a altura de cantar o Firmeza», disse a cantora.

 

Aqui em casa falou-se do dia de hoje, do significado da comemoração, dos acontecimentos que fazem parte da vida de todos.  Eu acho que quando as pessoas perderem a vergonha de assumirem a sua pobreza, a revolta estala de vez!

 

Quando os miúdos, por entre a sua enérgica forma de verem os assuntos que passam na TV me perguntaram «quem é aquela mulher mamã?» não tive dúvidas em responder «aquela é a República!»

 

 

 

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