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Energia a Mais

A Hiperactividade vista à lupa

Energia a Mais

A Hiperactividade vista à lupa

26.Fev.16

A vida com TEA

Até maio de 2013 quando foi lançada a quinta edição do manual de diagnóstico da Associação Americana de Psiquiatria (DSM-5) a síndrome de Asperger era entendida como uma condição relacionada, mas distinta do autismo. É importante ressaltar que os diagnósticos em psiquiatria em grande parte seguem as recomendações do DSM e não deve ser diferente com o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) que é um novo distúrbio que substitui tanto o antigo Autismo quanto a síndrome de Asperger. Podemos entender que a síndrome de Asperger passou a ser considerada uma forma branda de autismo.

Segundo a Associação Americana de Psiquiatria, essa mudança é benéfica e necessária, já que todas as pessoas com transtornos do espectro autista exibem alguns dos comportamentos típicos, é melhor redefinir o diagnóstico por gravidade do que ter um rótulo completamente separado. Assim os transtornos antes "separados", seriam na verdade um "continuum" dentro do Transtorno do Espectro do Autismo o que é mais apropriado para a compreensão e a orientação terapêutica.

Uma das dúvidas que ainda permeia essa mudança é a conduta frente aos pacientes já diagnosticados pelos critérios anteriores, ou seja, se as pessoas anteriormente diagnosticadas com Síndrome de Asperger devem ser reclassificadas ou se o diagnóstico será mantido. Isso é mais inquietante para os pacientes com Síndrome de Asperger que são representados em por diversos meios na sociedade utilizando essa denominação.

 
 

Houve também mudança nos critérios para o diagnóstico: antes dessa revisão o diagnóstico era baseado em três grupos de sintomas (déficits de interação social, de comunicação/linguagem e padrões repetitivos de comportamento/esteriotipias). No DSM-5, os sintomas de interação social e comunicação social foram agrupados em um só. Agora há dois grupos de sintomas para o diagnóstico, baseado na presença dos critérios abaixo:

  • Déficits de comunicação/interação social: déficit na reciprocidade das interações, déficits nos comportamentos não-verbais, dificuldade de desenvolver/manter relacionamentos
  • Presença de um padrão repetitivo e restritivo de atividades, interesses e comportamentos: estereotipias (ecolalia, p.ex.), insistência no mesmo, adesão estrita a rotinas, interesses restritos/incomuns, hiper/hipo reatividade a estímulos sensoriais.

 

 

 

O meu «miúdo» mais crescido - não aprecia e não procura o contato com os outros, não tem interesses comuns aos miúdos da sua idade, não gosta de desportos de equipa, não tem interesse por «miúdas», rege-se por uma rotina estrita, é um genio com números e fórmulas químicas, não consegue pensar de modo abstrato, tem interesses que viram obsessão (como agora a cultura japonesa - desde o início do ano passado que tudo o que vê são animes japoneses, só fala em língua e ultura japonesa, artes marciais e literatura japonesa, vê os animes uma vez com legendas e depois no orignal durante horas, quer aprender japonês e quer ir viver para o japão, aprende receitas japonesas e tenta que eu as cozinhe), não tem malícia e não sabe usar a mentira, não consegue ler os sinais básicos das emoções, rejeita o toque, tem hiper sensibilidade à dor, não sente o «salgado» mas reage bem ao picante, sente o calor de modo intenso mas não o frio, se lhe mudar um objeto de lugar ele não consegue entender, faz crises terríveis e numa semana podemos ter um dia excelente (em que ele fala comigo, aperta-me a mão ou até me dá um abraço meio sem jeito) mas ter também um dia em que se recusa ir à escola, em que se altera por um motivo que nem percebemos e é agressivo, parte coisas, bate, não ouve ninguém, fica em estado de stress completo. Dorme pouco e tem uma mania de ficar toda a noite sem se deitar. 

Ter um filho com estas caraterísticas é um desafio que assusta mas ao mesmo tempo nos encoraja a ser cada dia melhores Pais - um orgulho por cada vitória, uma celebração por coisas mínimas, um beijo dado sabe a mil estrelas e cada frase reveladora de uma emoção é motivo para celebrar! Que seja feliz!

22.Fev.16

olha que sim...

 

fantoches.jpg

 imagem da net

 

sim existem miúdos com muito mais do que «bichos carpinteiros»...mas a maioria deles tem um armário gigante que vai enchendo com esses «bicharocos» e só quando o armário enche os soltam de vez

 

quando isso acontece transformam-se em adultos maus e sem piedade que moem tudo o que está à volta - sejam os relacionamentos, sejam os filhos desses relacionamentos, sejam os amigos, sejam os trabalhos, seja o que for...porque não sabem «dominar» os bichos que sempre esconderam no armário!

 

olha que sim, existem famílias construídas no meio de bichos horríveis que só sabem encher de medo quem os tentam mandar embora...e sem que ninguém queira, eles (os bichos) é que conduzem a vida dessas famílias

 

E as Vidas assim dominadas acabam destruídas - porque muitos desses horríveis bichos que estavam no armário das gentes pequenas, ganham proporções de «gigantes» quando são libertados anos mais tarde...

 

Sabes o que é preciso? é que se retirem os bichos do armário enquanto são minúsculos...enquanto são apenas «bichos carpinteiros» nas crianças, olha que sim - se conseguires ajudar a soltar os bichinhos quando são inofensivos, eles não chegarão a crescer e nunca farão mossa nos adultos!

 

É por isso que eu digo que temos de saber lidar com esses bichos nas nossas crianças - e que a melhor opção nunca será «escondê-los» - é preciso educar os bichos percebes? olha que sim, as crianças felizes são as que andam a brincar com os «bichos carpinteiros» e não os escondem - e as crianças felizes tornam-se adultos felizes! quando são felizes os adultos não magoam mas amam - amam as famílias, os trabalhos e a Vida!

 

* conversa com o meu filho mais novo sobre os terríveis acontecimentos de violência doméstica, teatro de mini fantoches, abordagem depois da pergunta «porque é que os pais são maus para os filhos?» 

 

 

10.Fev.16

Mais tempo na escola? porque não?

...espera! porque é uma ideia do governo...logo tem de ser má! é assim não é?

...espera! já sei! é mau porque os «especialistas» alertam logo para o que estamos a «criar» - uma geração de «alienados, marginais» que ficam tempo a mais nas escolas

...ou então é mau porque visto assim, pelo lado dos pais, até parece mal dizer que concordo - imagina vinham logo criticar-me por causa da minha aparente negligência de deixar que os meus filhos fiquem muitas horas numa  hnaccc .... escola! e pública ainda por cima...

 

Espera  mas e se for num colégio privado com atividades extra pagas a peso de ouro? ah tá bem - aí podes deixar a criança entre as 07h30 e as 20h que toda a gente vai dizer que estás a investir na sua educação! Ou se for num ATL para terem «explicações» às disciplinas mais difíceis mesmo que isso os faça passar mais de 12 horas a «enfiar» matéria? aí podes, estás a fazer o melhor por ele...

Só não podes «investir» na educação se for numa  hnaccc escola pública...onde é que já se viu uma ideia de um governo ser boa??? 

Isso de não haver correspondência entre a realidade da maioria das famílias portuguesas e a oferta das escolas públicas não interessa nada! pode lá uma escola pública abrir portas para outra coisa que não seja dar matéria?? os pais podem ter cargas horárias pesadas, não terem suporte familiar (está bem que avós ainda existem mas para muitos não são opção) podem não conseguir pagar idas ao teatro, não poderem suportar contas de dança, música (opá o miúdo até tem jeito mas...) e podem nem sequer ter «tempo» para estar em família mas isto das escolas serem um apoio para muitas famílias - só pode ser mau...é que só pode!

tem água no bico

....vão dar mais trabalho aos professores,

....vão custar fortunas ao erário público - muito controlado, diga-se!

....vão ser poços de negligenciados daqueles pais horríveis que se atrevem a viver num país sem apoios laborais, sem leis de proteção de família

 

Isto só pode ser mau!!! muito mau mesmo - bolas!

Agora sem ironia, mais tempo pode não ser «mais do mesmo» não digam só - porque não!! em muitos países onde existe mesmo escola pública existe toda uma articulação entre as várias políticas - as ofertas, a proteção laboral, proteção da família - isso passa necessariamente por respostas adequadas...

E nós temos de exigir melhor escola pública - com mais tempo para os alunos e mais oferta para as famílias 

 

05.Fev.16

Perspicácia.....

Ora vamos lá a tentar explicar isto....muitas vezes tenho falado em palestras, comentários, partilhas com pais, da minha não concordância com o valor exagerado que se atribui (não só pais, os próprios professores, a sociedade em geral) às notas que aparecem nas pautas das escolas. Por mim, nos primeiros anos de aprendizagem nem sequer se quantificavam os «conhecimentos adquiridos» com números/resultados e não haveria lugar a alunos de «mérito» e alunos «maus»

Os valores das notas não são nem por sombras prognóstico de «excelente profissional» ou mesmo de sinal de boa vida! tudo depende daquilo que se valoriza e sempre me esforcei por valorizar as competências e não os «conhecimentos», além de que para mim o importante é mesmo ser Boa Pessoa - tenho a certeza de que uma boa pessoa só poderá ser bom naquilo que faz (porque se empenha sempre no fazer o melhor que pode em tudo) mesmo que não tenha tido notas brilhantes na escola nem nunca tenha recebido prémios de mérito! e se co-existerem ambas as qualidades?? melhor ainda!! imaginem ser boa pessoa e ter muitos conhecimentos? maravilha - por norma esses fazem mesmo a mudança para a Humanidade!

 

Isto para dizer que muitas vezes quando converso sobre isto, penso logo na parte prática da minha experiência como mãe - ter um miúdo com autismo de «alto funcionamento» (antes chamado de asperger) com uma inteligência capaz de obter excelentes resultados nos testes (do tipo 100% a matemática, notas sempre acima dos 85/90% a todas as disciplinas) e com os professores sempre a dizer que «podes muito bem ficar no quadro de mérito se tiveres mais empenho nos TPC» e ter outro filho com dificuldades de aprendizagem que já ficou retido um ano na escola e que anda sempre a ter de ser «puxado» para não tirar negativas, faz-me ter realmente experiência dos dois lados. Por isso quando digo que me preocupa mais o futuro do meu mais velho (que tem notas excelentes) do que o futuro do mais novo (o tal das notas assim-assim) não o digo só por dizer!

Reparem nisto com um exemplo prático - o mais velho ligou-me um dia destes muito aflito pois uma coisa prática mas não rotineira da vida dele tinha sido alterada...ele não conseguia carregar o cartão da escola porque em vez de moedas só tinha uma nota...ter ido fazer uma troca do dinheiro com algum funcionário não lhe passou pela cabeça! 

Por outro lado o mais novo descobriu que numa determinda máquina de retirar produtos por onde passamos todos os dias, existiam quase sempre moedas presas na parte dos trocos...bastava lá ir, bater levemente e a moeda cai  perspicácia!!

 

 

Ser persicaz na vida tem muito mais valor do que ter altas notas em estudante, para mim é óbvio! como mãe só espero conseguir trabalhar a perspicácia do mais velho e deixar que o mais novo dê largas às suas competências pois com a perspicácia do seu lado tenho a certeza que será Boa Pessoa 

03.Fev.16

Está na Hora de ter a tal Conversa....

 

corujinhas.jpg

(imagem tirada da net)

 

isto de ter dois rapazes em casa, para mim que sou Mãe/Pai (apesar das dicas que me dá, o pai não está presente e não tem a mesma chance de participar nestas conversas diretamente com os miúdos) é um mundo de descobertas! e de dúvidas...quando o momento mais oportuno para se abordar certos temas?

Sempre fui muito aberta com eles mas o facto de terem 6 anos de diferença entre ambos e de os dois serem distintos aos extremos (como água e vinho) não me facilita nada a vida! se com o mais velho, um miúdo de 15 anos com barba na cara, as conversas são sempre a «saca-rolhas» por força das suas caraterísticas (portador de transtorno do espectro do autismo de alto funcionamento, com uma hiperatividade muito acentuada e sempre com dificuldades na gestão de emoções, sentimentos e demonstração de afetos) com o mais novo, 9 anos de pura energia, cheio de vida sempre cheio de interesses e língua de «perguntador» (com uma perturbação de hiperatividade e défice de atenção que o faz andar aos saltos) se não falo eu, ele pergunta a alguém e isso pode ser perigoso!! o rapaz é capaz de falar de tudo com todos mesmo com quem não deve....

 

Tenho andado a magicar se deverá ser agora, se é uma boa altura para lhes falar de sexo...pois! temos de abordar isto com eles, as escolas não são o único local para eles sentirem que alguém os informa, nestas coisas os pais devem ser ativos, são os adultos de referência e os exemplos que damos são os mais importantes! mas isto de falar sobre sexo com os rapazes é...difícil! sinceramente será que é por ser Mãe/mulher que acho que tenho de pensar muito antes de abordar isto?? seria mais fácil falar com meninas? hummm nunca saberei...

O mais velho está «nem aí» para o tema da sexualidade, para ele a parte da «reprodução» está muito bem explicada nas matérias de Ciências da Natureza (e de estudo do meio) e nada de mais interessante há que lhe possa dizer - na verdade, ele explica o método reprodutor com a exatidão de um cientista e dá os nomes técnicos às várias fases. Quanto «ao resto» tipo as mulheres «nhacc, um nojo... » E mesmo quando quis falar-lhe de métodos contraceptivos, ele achou logo que não era interessante «achas que preciso que me digas isso mãe?? para já isso não interessa nada e também eu sei ler não te preocupes...» bhaaaa que raio de miúdo pouco recetivo!

 

Mas também não posso ficar muito à vontade com o mais novo - para ele essa matéria é do mais interessante que pode haver! tudo o que lhe passa na cabeça são miúdas, namoradas, as atuais, as ex...a ex que ama de verdade e com a qual pretende casar e ... ter muito filhos (talvez muitos não, uns dois chega, porque senão fico sem tempo para mim e para a minha mulher...) Ui!!! e quer treinar comigo «beijos de namorados» e fazer «sexi...muito sexi...» aiiii maezinha!!!! será isto uma tendência do seu organismo acelerado pela hiperatividade?! 

Alguém com experiência que queira ajudar?? 

E os esforços que faço para ele não ver certos programas na TV? é que mesmo estando aos saltos ou de cabeça para baixo, o rapaz anda sempre de olho nas novelas que ele já descobriu que são «mostradores de coisas de sexi...»  e depois quer que eu faça uma espécie de «tradução» de tudo o que ele não entendeu muito bem ....  quem gosta de quem, como é que fazem para ter ou não ter filhos, como fazem para ter muitos namorados/as ao mesmo tempo....pelo menos entende que pode haver «amor» entre pessoas do mesmo sexo, tal como existe claro, entre pessoas de sexo diferente! que pode ser assim um «amor de namorados» porque isso não se escolhe...