o período mais esgotante
fase final da escola, tanto para a criança com PHDA como para pais e professores, esta é sem dúvida uma das piores etapas do ano
Este ano, pela primeira vez, tenho os meus dois rapazes na escola - o Quico, agora no primeiro ano, com PHDA e o Rafa no sexto, em que para além da PHDA de tipo impulsivo, se conjugam várias patologias numa espécie de caldeirão de grande complexidade
Se já não era fácil controlar os efeitos da hiperatividade do mais velho, sobretudo em épocas de stress, como testes e prazos de entrega de TPC para avalição, agora, com o mais novo há que somar tudo por dois e multiplicar por uma grande dor de cabeça e um esgotante frenesim que ultrapassa em muito o razoável.
Infelizmente, parece que esta instabilidade social veio para ficar e grande parte do que fazemos diariamente, é influenciada por uma onda de nervoso comunitário - toda a gente parece andar com a vida em sobressalto, fazem-se dramas com as coisas mais insignificantes,às coisas mais importantes não dão valor. E os miúdos, claro, são das primeiras vítimas, quer porque absorvem tudo o que se passa à sua volta, quer porque «levam» com os erros dos adultos, quer porque aprendem pelo exemplo - logo fazem o mesmo tipo de asneiras, cada vez mais cedo....
É triste assitir a algumas cenas que se passam com os miúdos nas escolas. Atualmente, espetadora priveligiada, numa comunidade escolar com mais de mil alunos, teria muito que contar. Professores em stress constante, alunos com várias dificuldades e pouco apoio, funcionários cada vez menos motivados e com cada vez menos paciência, pais sem respeito e sem se fazerem respeitar...enfim! um ambiente nada favorável para crianças que só conseguem ter algum equilibrio se as bases forem sólidas. E cada vez encontro menos bases nas escolas atuais. Aliás na sociedade atual.
Numa semana, o Rafa trouxe mais quatro recados e já não tem espaço na caderneta para mais (dois já vieram escritos no caderno), esgotou o número de faltas de material a EF e fez um teste para o qual estudou - zero...porque não vê vantagem nisso.
O Quico conseguiu ser expulso das duas AEC que frequenta - o inglês e a educação física, simplesmente porque os professores não o conseguem controlar. A professora titular voltou a falar comigo mas insiste que o problema dele é o comportamento, pois quando está atento ele consegue fazer progressos - na opinião dela, ele deveria estar mais atento e isso depende da vontade dele. Por isso pediu-me autorização para ser acompanhado em apoio psicológico, para além do apoio com a professora do ensino especial. Ou seja, embora reconheça não ter capacidade para lidar com ele sozinha, a professora continua a entender a PHDA como algo possível de mudar com força psicológica...mas pronto! ainda me faltam muitas batalhas, não vou já dar esta guerra por terminada!
Esta semana traz dois importantes testes para o mais velho, coisa que para ele ainda vem muito longe...disciplinas que obrigam a muito método e estudo organizado, o que, como bem sei significam momentos de alta tensão cá por casa. O Quico também anda mais eletrico, com episódios de autêntica turbulência, difíceis de aguentar sem os nervos saltarem....
ora, assim sendo resta-me o quê? pois parece que me resta apenas «segurar» as pontas e alvitrar que lá para os meus cinquenta a coisa ande mais sossegada...se eu chegar aos cinquenta claro!