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Energia a Mais

A Hiperactividade vista à lupa

Energia a Mais

A Hiperactividade vista à lupa

09.Nov.08

PAPÁÁÁÁ!!!

Quando em casa reina o caos absoluto!

 

 

Depois de quase um mês fora por causa da sua profissão (motorista em carreira internacional), o Pai veio finalmente a casa. Este podia ser um motivo de grande alegria, pois podiamos usufruir daquilo que para muitos é banal e sermos uma família, no verdadeiro sentido da palavra. No entanto e como tem vindo a acontecer (infelizmente de forma cada vez mais acentuada) estes dias foram um autêntico tormento, não só para nós, como para os miúdos. A Hiperactividade afecta de forma transversal todos os membros da família (e até os que sem o ser convivem com ela de forma regular) e quem tem uma criança como o Rafael sabe bem como tudo pode ser difícil de contornar....

 

Decidi contar isto para que outros nas mesmas situações, não sintam que estão sós, para que os que não passam por isto aprendam a não julgar e porque precisava de deitar para fora o que se passou.

 

 

SEXTA FEIRA - dia 1

O meu marido avisou que chegaria durante a tarde pelo que decidimos manter a rotina e foram os avós a ir buscar as crianças á escola.

Como estou a trabalhar até ás 19:00H, liguei por volta das 17:00H e combinamos que os avós poderiam ir embora mais cedo, para que também tivessem um tempinho só deles e que o meu marido orientava as coisas em casa, de modo a dar banho a um, adiantando algo simples para o jantar.

Cheguei á porta da entrada do prédio (4 andares abaixo do meu apartamento) e ouvi gritos que identifiquei de imediato. Respirei fundo no elevador, preparando-me para o  que parecia ser uma bela discussão. Pai e filho mais velho, embrenhavam-se numa disputa com murros, pontapés e muita gritaria, enquanto o mais novo assistia em pranto quase histérico.

Fiquei para morrer pois vi logo que nada estava feito, não havia jantar, não havia ninguém com ar de ter tomado banho e principalmente não havia Paz!

Este tipo de discussão assim violenta é muito desgastante, o meu marido nunca consegue terminar com ela do modo mais simples - ignorando, para depois poder controlar. Pelo contrário, tenta responder na mesma moeda, o que torna a discussão cada vez mais prolongada e mais violenta. O que mais me afecta agora, é ver o Francisco assistir a isto, sabendo que cada gesto, cada palavra, cada atitude, vai ser registada e processada na sua cabeçinha, á sua maneira!

Perco a cabeça com o meu marido sempre que isto acontece. O pior é que normalmente acaba por ceder no pior momento, ficando sujeito ao que originou a discussão e acabando por destruir tudo o que me esforço por manter durante o resto do tempo!

Foi o que aconteçeu. A discussão começou porque o Rafa queria jantar no Shopping (eu teria mantido o não, sabendo que teria de aguentar firme, até poder falar com ele quando acalmasse, por norma acaba por entender as nossas razões, precisa é de tempo para chegar lá! E marcariamos  uma saída para o dia seguinte - sábado) O Pai, farto da gritaria e da proporção do que se estava a passar, lá decidiu num frenesim que iriamos jantar ao shopping! Depois de um dia complicado, sexta-á-noite, com gente a abarrotar no c.c, com os miúdos tal como tinham chegado da escola, sem apetite para qualquer tipo de comida, lá vou eu arrastada...

Chegamos, o Rafa eufórico por ter vencido e pela hora nada apropriada ás saídas, chega disparado junto ao balcão do Burguer King, passa literalmente por quem lá está, pendura-se no balcão e fica a milímetros da cara do empregado, com toda a gente a resmungar e com alguns já a quererem tomar satisfações...

Lá tento segurá-lo até á sua vez, alguém acaba por dizer para o atenderem, pois percebem o histerismo nada normal, ele grita o pedido tão alto e tão depressa que ninguém o entende. Resultado, quando chegamos á mesa e ele abre a caixa, vê que afinal tem queijo (coisa que ele não quer) e começa de imediato a disparatar, atirando com o hamburguer pelo ar, sujando tudo e todos os que estão por ali, viram-se cabeças, instala-se a confusão, porque sem dar tempo a que respiremos para enfrentar aquilo, já ele está outra vez no balcão a fazer novo pedido, não esperando por ninguém e querendo trazer as coisas de imediato! Traz a nova caixa depois de o Pai ter conseguido tirá-lo de lá e a cena repete-se agora porque não traz molhos e por isso esmaga com os dedos o hamburguer, joga a alface pelo ar e corre desatinadamente pelo shopping disposto a lançar-se sobre outro balcão qualquer. Eu o Pai e o mais pequenino a tiracolo, lá corremos e impedimos, acabando por dizer que não lhe vamos compar mais comida, pois ele tinha estragado imensa! Tem novo ataque de fúria ao que o Pai responde com um sonoro «Vamos embora» e começamos a nossa tentativa de sair dali. O Rafa vem por trás de nós batendo como pode, dando pontapés, gritando e pondo todo o shopping a olhar a cena...

Empurra-me e quase caio, tendo o Francisco ao colo e toda a gente se põe de boca aberta, olhando como se tivessemos saído de um manicómio. Depois de espernear no chão, de o Pai ter afastado alguns curiosos que queriam dar um correctivo naquele miúdo tão grande que se estava a portar daquela forma, de eu ter conseguido colocar o Francisco mais calmo, entretendo-o numa loja de animais, acabamos por sair do centro comercial, ás 22:00H, sem termos jantado, estafados e esgotados!

Chegamos á conclusão que nessa noite haveria cereais ou pão e leite e caminha para todos! Nova discussão agora porque o Rafa quer dormir com o Pai. O Pai que primeiro teima que não, mas que acaba por dizer que sim, quando quase á uma da manhã ainda ninguém pregou olho!

 

Dia 2 e dia 3 ficam para outro post, tenho pena mas acho que como são longos não aguento escrever tudo de uma vez...prometo dar conta do que mais se passou e como terminou a vinda do Papá, amanhã

2 comentários

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    Filipa 10.11.2008

    Olá Teresa,

    Percebo perfeitamente a posição do teu marido. Tendo em conta que está muitas vezes ausente, deverá querer estar em família com toda a tranquilidade, pelo que tem tendência a ser mais permissivo, não percebendo se calhar, que esse seu comportamento é contraprudecente.

    O Rafael precisa de regras, rotinas e deverá contar com uns pais em sintonia, para que não lhe seja possível tirar proveito próprio de posições contraditórias.

    Sei que tudo isto na teoria é muito bonito, mas na pratica nem sempre é facil, até porque a nossa capacidade para tolerar birras nem sempre é a mesma e a forma como nos propomos a ajudar a que a mesma termine, é muito influenciada pelo nosso estado de espírito.

    Muita calma e força para ti!!
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