Nós por cá...
vamos andando. Sem rotina, dentro do que é «normal» para uma família como a nossa. O Quico e o Rafa podem ser muito «danadinhos» e o facto de serem os avós a passarem a fase final do dia com eles, não ajuda a acalmar as coisas...
Hoje quando cheguei á entrada do prédio, consegui ouvir o Francisco aos gritos e o Rafa aos berros (consigo distinguir mesmo sem ver, lol!) O meu pai estava quase a ter um belo ataque nervoso porque os miúdos acham imensa piada a uma música de um filme que gravaram e passam horas aos pinotes pela casa, entoando «Hasta La Vista» a plenos pulmões...acompanham isto com uma parafernália de brinquedos, roupas pelo ar e muita gritaria - é impossível ouvir o nosso próprio pensamento, quanto mais conseguir falar uns com os outros!
De manhã encontrei-me com uma vizinha com quem costumo falar um pouco...veio á baila o facto de eu não estar a conseguir manter a casa em ordem (diga-se relativa...) desde que começei a trabalhar. Disse-me que também a casa dela estava «desarrumada», era normal pois quem está fora muito tempo não pode fazer tudo. Pergunto-lhe «mas desarrumada como?» Ela «bem o quarto da N. está por arrumar, não fiz a cama e não guardei a roupa nos sítios» Digo-lhe «Sim mas a cama está no sítio, certo? As gavetas estão no sítio certo? A roupa da cama continua na cama, os armários continuam a ter lá dentro cruzetas, roupas e os brinquedos, não é?» Ela olha como se de repente eu falasse chinês...Eu explico, sempre que chego a casa encontro armários abertos, roupas pelo chão, várias caixas de brinquedos vazias e os ditos nos mais variados locais...Posso encontrar meias na sanita, chupetas no frigorífico, dezenas de carrinhos debaixo das camas...encontro móveis mais pequenos em sítios onde não os deixei e até louça espalhada pelo chão...
Uma casa com hiperactivos, desarrumada, não é igual a uma casa «desarrumada». Todos os dias a minha mãe se esforça por manter as coisas «arrumadas», para ela ver a casa assim é um suplício...mas até ela já percebeu que em poucos segundos a casa se transforma. E dia após dia o cansaço dela é mais evidente...
Hoje quando se despedia dos netos, o mais pequenito veio a correr e o irmão veio logo atrás, pois queria ser o primeiro a chegar á avó, então o Francisco espeta um dedo no ar, fulmina o Rafa com o olhar e diz, todo importante: «deixa, não coli! Vóvó não pode! Vóvó tá gastada!»