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Energia a Mais

A Hiperactividade vista à lupa

Energia a Mais

A Hiperactividade vista à lupa

21.Abr.09

Nada Fácil

... viver sob pressão constante, tanto para dar resposta ás situações do quotidiano, como em situações que fogem á regra....

 

 

A minha experiência com crianças autistas, resume-se ao contacto que mantenho há mais de dez anos com os meus grandes amigos N. e J., pais do D., um menino com X Frágil, afectado pelo autismo.

Este casal amigo tem travado uma luta bem grande para ver reconhecidos direitos que deveriam ser «absolutos» em casos assim - em que o grau de autonomia é reconhecidamente pequeno.

Ao desgaste normal, de ter uma criança com necessidades específicas de acompanhamento, estes pais lutam ainda (e sofrem com isso) por coisas que para a maioria dos pais são dados certos - escola adequada, actividades extra, lúdicas e educativas...

Mas são pais que não se deixam abater, tentam levar uma vida «normal» e dar aos seus dois pequeninos tudo o que entendem como o melhor - e o melhor passa também por manterem vida social, sair com as crianças e manter o controlo possível da situação.

 

Quando nos juntamos é sempre em casa de uns ou de outros, ou em algum lugar que permita ás crianças uma interacção positiva - os meus filhos são muito agitados e temos de preservar o D. que fica mais descontrolado quando há agitação por perto. Há medida que crescem, tanto o D. como os meus meninos, ficam mais difíceis de controlar - a força física também é maior e nós sentimos mais dificuldade em supervisionar os tres...

Assim, no domingo, pensamos em deixar as minhas pérolas e a princesa M. nos «bichinhos carpinteiros» sítio com brincadeiras para todos e alívio para os pais - mas os meus não ficaram lá nem com promessas e subornos e a M. acabou por desisitir. Logo ficamos com as crianças mais diferentes que se possa imaginar e com um shopping para explorar...

 

correu assim tão mal? perguntam voçês....

 

não foi pelo facto de os meus filhos parecerem índios em época de caça ao bisonte...pelo facto de o Quico se ter jogado pela escada rolante sozinho (com uma mão que o segurou nem se aleijou muito..), pelo facto de os ver subir os balcões da praça da restauração, pelo facto de terem virado do avesso várias montras ou do Quico ter começado a bater em quem passava, sempre por entre muito riso histérico do Rafa...

nem sequer foi pelo facto do D. ter começado naquele baloiçar de corpo típico, ou pelo facto de ter desatado num choro inconsolável...

até nem foi pelo facto de ver pessoas com ar incrédulo a olhar para nós (diga-se que nem uma nos ajudou ou perguntou sequer se queriamos ajuda, apesar dos sacos que iam ficando para trás quando tentavamos apanhar um dos meus filhos...) ou mesmo por termos sido chamados á atenção pelos zelosos seguranças do c.c.!

O que nos doeu no final, foi verificar a nossa total impotência, as nossas dúvidas sobre o futuro e a realidade que cerca as nossas crianças!

O que correu mal no domingo irá certamente correr mal  outras vezes, seja por estes ou por outros motivos...

Sempre teremos de enfrentar sem receios estas situações, sempre viveremos cada vitória como única e cada passo atrás como um motivo para seguir em frente...

Sempre seremos pais destas crianças e teremos orgulho, confiança, dor e confusão (como afinal qualquer pai!)

No entanto teremos sempre, sempre, a ligação da amizade, respeito e partilha que só nós, pais de crianças especiais entendemos!

 

 

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