Para explicar
um pouco mais o post anterior, dado que alguns comentários eram muito semelhantes:
não é fácil (nem correcto em termos médicos) conseguir diagnosticar um transtorno de hiperactividade com ou sem déficit de atenção, antes dos cinco anos de idade.
O Quico vai fazer três anitos no final deste mês, embora já tenha sido visto pela mesma equipa que acompanha o Rafa, e as opiniões sejam de que também será uma criança com hiperactividade, todos me avisaram que este ainda não é um diagnóstico «correcto», dado que muitas das características comportamentais ainda não podem ser avaliadas. Claro que se baseiam nas vastas experiências profissionais e nos dados concretos sobre a família, mesmo assim clinicamente é cedo para conclusões!
As maiores dúvidas consistem em verificar se certas características apresentadas nesta idade irão persistir no tempo (ou seja, se o comportamento «atípico» se vai tornar no comportamento padrão da criança), uma vez que a evolução nestas idades é muita rápida e que o cérebro ainda está em desenvolvimento, poderão acontecer mudanças acentuadas por volta dos 4 ou 5 anos. Nessa altura, irão começar a definir-se as características inerentes à personalidade, distintas das tais características próprias que podem ser identificadas no diagnóstico do transtorno.
No caso de uma hiperactividade genética, as características estão presentes e notórias desde os primeiros tempos de vida (no entanto impossíveis de diagnosticar nessa altura). No entanto, no caso de hiperactividade por factores externos, estes comportamentos podem surgir mais tarde. Traços comuns são a ponte para o diagnóstico mas como sempre, respeitando critérios aceites pelas equipas multidisciplinares, normalmente usando métodos de despistagem.
Como nem a causa, nem o tipo, nem o grau de hiperactividade são únicos, as diferenças entre estas crianças, são muitas. Algumas apresentam-se menos impulsivas mas muito desatentas, outras são capazes de reter melhor a informação e a aprendizagem mas dificilmente controlam a impulsividade física, alguns têm associadas várias patologias como o distúrbio de comportamento de oposição e desafio e são muito mais agressivas, outras podem ser meigas e mais facilmente se controlam, etc.
Entre o Quico e o Rafa há traços comuns que podem indicar uma raiz genética - ambos têm dificuldade em adormecer, dormem pouco e acordam muito abruptamente (como que ligados à corrente); ambos têm muita dificuldade em conhecer os limites e os perigos; ambos lidam mal com a frustração; são difíceis para comer, vestir, etc
No entanto existem muitas diferenças (que eu, como mãe reconheço mas que, dado a experiência que tenho com o Rafa, não querem dizer que o Quico não seja hiperactivo, apenas pode significar que essa hiperactividade pode ter causas diferentes, grau diferente ou mesmo ser de um tipo diferente) O brincar é uma diferença importante, pois mostra uma etapa do desenvolvimento dentro de um padrão «normal» O Quico não é agressivo (apenas quando provocado reage com mais violência), aceita melhor as nossas regras e é mais sociável. Também consegue ficar mais tempo sozinho, consegue entender quando me ausento, sem sentir o desamparo que o Rafa sente....
só o tempo e o crescimento do Quico trarão as respostas certas, por enquanto tento preservar a sua individualidade, o seu espaço (coisa difícil quando há um irmão hiperactivo) e manter rotinas, regras e limites definidos!
um beijinho especial para todas as que me deixaram comentários no post anterior e obrigada por me ajudarem, com a vossa visão de fora, a tomar consciência da minha própria visão!