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Energia a Mais

A Hiperactividade vista à lupa

Energia a Mais

A Hiperactividade vista à lupa

07.Jul.08

Ter ou não ter blog

quando me decidi a escrever este blog, fi-lo por duas razões principais, ou melhor, para obter dele dois objectivos. O primeiro tem a ver comigo própria, o blog é uma espécie de terapia de choque. Ao escrever sobre os acontecimentos mais marcantes na minha relação com o meu filho e o seu problema de hiperactividade, acabo por relembrar as situações já de cabeça fria, desdramatizando o que por vezes são momentos quase absurdos. É de certo modo um exorcismo dos meus medos e angústias, escrever liberta-me e dá-me energia.

O outro objectivo é mais para fora, para os que leêm, uma forma de alerta. Alerta para os pais que têm filhos hiperactivos e que os escondem (por vergonha, por desconhecimento ou por opção - não querer ver o problema) e um alerta para os pais que não têm filhos hiperactivos mas que pensam que os têm. Existem muitos assim, veêm problemas em tudo o que os filhos fazem, confundem hiperactividade com falta de regras e encontram nela uma desculpa para o pouco que investem na verdadeira educação das crianças.

Muitas vezes, no entanto, percebo que os que me visitam encaram este blog como um desabafo de uma mãe angustiada, deprimida, quase que me imaginam toda descabelada, sem tempo para nada, absorvida pelas duas pestes que destroem a casa, o carro e tudo por onde passam! Alguns que efectivamente entram em contacto comigo, manifestam o seu pesar por um filho tão difícil, dizem-me com astuta sabedoria que melhores dias virão, que o tempo ajuda e que tenha muita paciência. E claro que sentem pena de mim.

Talvez não tenham entendido bem. Eu não me sinto angustiada, muito menos deprimida. Tenho como todas as pessoas, dias melhores e outros menos bons. Sou por norma bem disposta e sorridente. Mantenho um óptimo casamento há 10 anos (será menos tempo devido á profissão dele mas a chama está viva e isso é o que importa).  Faço voluntariado numa associação local, trabalho as horas que o tempo me permite e consigo  manter uma rotina salutar em casa. Os meninos tomam banho a horas e jantam cedo, a casa não é nenhum monte de destroços. Sou prática o suficiente para manter as coisas limpas e arrumadas. Dou passeios com os dois e não os privo do acesso á cultura e ao lazer. Visitamos museus, vemos teatro, fazemos praia e picnik's. Eles são vivos e inteligentes. O Rafa tem um QI superior á média e o Francisco é adorável!  Temos momentos hilariantes e sou tão criança como eles.

Tenho é certo uma dose de paciência e resistência muito para além do normal. Reconheço que para manter tudo a funcionar,  o meu esforço tem de ser maior do que o necessário para a maioria das pessoas. Talvez existam poucas capazes de abdicarem de saídas á noite, dos jantares com amigos, de um sofá italiano e um plasma na parede. Talvez  poucas mães encarem como normal ter um colchão na entrada da sala, ou terem uma mesa de esplanada que serve como mesa de refeição para o filho poder sujar sem estragar a mobília. Talvez poucas mães entendam uma birra de duas horas porque o tal filho não consegue vestir uns boxers e insiste em sair de casa sem a dita peça interior. Ou porque apesar de gostar muito de andar no futebol e a inscrição ser paga, ele resolve desistir duas semanas depois. Talvez poucas estejam na disposição de aguentar os olhares inquisidores das outras pessoas, quando num local público ele resolve atirar comida pelo ar ou chama nomes ás empregadas dos restaurantes. Talvez poucos entendam!

Mas eu entendo, eu aceito. Aprendi a lidar com as coisas sem me preocupar com o que dizem os outros. Sem deixar de fazer ou de mostrar.

Porque é possível lidar com a hiperactividade.  Sem ficarmos desgastados.

O que me desgasta são os que não entendem!

 

Desculpem, não sou mal agradecida. Adoro que me ajudem com dicas e estratégias. Que partilhem experiências ou que mostrem outros pontos de vista. Simplesmente detesto que tenham pena de mim.

 

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